quinta-feira, 29 de abril de 2021

400.000

⚰️🦠🧫 😭 ⚰️🦠🧫

✝️ Quando começou disseram que era apenas uma gripezinha. E de lá pra cá, mais de 400.000 vidas foram ceifadas (claro que os índices são bem maiores, pois nem todos os mortos por covid foram notificados). Somos o segundo país do mundo nesse mórbido e nefasto ranking (apenas superado pelos 575.000 dos Estados Unidos). Ano passado, no dia 8 de agosto, choramos nossos primeiros 100.000 mortos. E os índices não param de crescer, colapsando o sistema de saúde e sufocando o sistema funerário. Enquanto isso, os governos se apressam em reabrir comércios, escolas, igrejas, parques, praias e tudo mais que aglomera gente, tudo o que o vírus precisa para se disseminar ainda mais. Mas tem gente que relativiza o alto grau de contágio do covid-19, e usa a lotação dos meios de transporte como o argumento mais lógico: "se ônibus lotado pode, porque escola não pode?", "se as pessoas lotam as praias, escola também pode". Quando a resposta correta seria: "nem ônibus lotados, nem aulas presenciais, nem festas, praias, barzinhos podem"! Novas cepas, variadas mutações, ampliando o risco de novas contaminações. Enquanto isso, os governantes politizam a crise sanitária cada um para seu lado, e nem mesmo a vacina e a vacinação, nossas únicas esperanças estão livres de fakes news e muita desorganização. Tudo para dar ao deus mercado a sensação de que o pior já passou e que aos poucos estamos voltando à normalidade. Nada está normal, nem no novo normal! A Europa e a Índia já estão sentindo os efeitos das reaberturas e afrouxamentos do isolamento e distanciamento sociais. Uma segunda onda se anuncia: mais voraz e perigosa do que a primeira. No Brasil, negacionistas e relativistas jogam contra o combate ao covid-19 resumindo seu combate ao uso de uma medicação de resultados duvidosos. Debocham do uso de máscaras e disseminam mentiras toscas nas redes sociais. O vírus da covid-19, porém, não escolhe opção ideológica, religiosa ou partidária; muito menos sexo, cor, idade ou nacionalidade. Todos estamos vulneráveis a ele. A nossa esperança está na vacina com vacinação ampla para todos. Enquanto não avançarmos na vacinação, teremos poucas chances de restaurar a normalidade perdida. Embora para quem chorou por um entequerido falecido, nunca mais a vida será normal! Não nos enganemos. A pandemia não acabou. Relaxar agora é apostar no caos amanhã. Cuidemo-nos, pois o vírus mortal ainda está à solta e fazendo mais vítimas do que se mostram nos frios números estatísticos.

📝 PS.: essa postagem foi publicada originalmente em 10/10/2020 quando atingimos a triste marca de 150.000 mortos, republicada nos dias 07/01/21 (200.000 mortos), 25/03/21 (300.000 mortos) e 12/04/21 (350.000 mortos). Ela foi atualizada e modificada para lembrar que o pesadelo ainda não acabou. 😞😓😥😢😭

#brasildeluto
#naoeumagripezinha
#todoscontraocovid19

🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

⏳#muitahistoriapracontar⌛

domingo, 25 de abril de 2021

📚 DEZ MOTIVOS POR QUE NÃO DEVEMOS VOLTAR ÀS AULAS PRESENCIAIS (versão 2021)

📗📘📕 🤧😷🤒 📕📘📗

📖 1° Quanto mais gente na rua (volta às aulas presenciais significa aumento de deslocamentos) mais facilidade de transmissibilidade do vírus.
📖 2° O uso de máscaras minimiza a contaminação, mas não garante que não se pegue a doença.
📖 3° Não houve testagem em massa, nem de educadores, nem de educandos.
📖 4° Muitos educandos poderão infectar-se no caminho para a escola, principalmente a maioria que depende de transporte público, e levar esta doença para dentro de suas casas.
📖 5° Nem todo mundo desenvolve os sintomas, mas mesmo assim transmitem o vírus da covid-19.
📖 6° As complicações decorrentes da covid-19 variam de pessoa para pessoa. É uma enfermidade nova e ainda pouco conhecida. Deixa sequelas (algumas irreversíveis), quando não leva à óbito.
📖 7° Muitos dos educandos e até alguns educadores não respeitam os protocolos sanitários estabelecidos dentro do ambiente escolar ou quando estão fora dele. Usam máscaras abaixo do queixo, ou não usam, desrespeitam as regras de distanciamento, etc...
📖 8° Existe a modalidade do ensino remoto para suprir essa demanda de aulas; basta que os governantes invistam mais no acesso tecnológico para as camadas populares. Se usam disso para manipular as eleições, porque não o fazem para disseminar conhecimento também?
📖 9° Escola não é depósito de gente, não é fábrica de diploma, nem empresa do saber; a escola é o espaço da interação entre os saberes, onde educadores e educandos interagem produzindo e/ou reproduzindo conhecimentos e formando habilidades. E isso é incompatível num contexto de medo, incerteza, insegurança do ponto de vista sanitário e epidemiológico.
📖 10° As UTIs estão praticamente lotadas, tanto na rede pública, quanto na rede privada. Quem se infectar e desenvolver a forma mais grave da doença corre o risco real de ficar sem atendimento adequado, é morte na certa! Os casos não diminuíram, pelo contrário, estão aumentando. Novas variantes do vírus estão espalhadas pelo país. E não temos vacina para todos!

🦠 Resumindo: VOLTA ÀS AULAS SEGURA? SÓ COM VACINAÇÃO PARA TODOS! ANO LETIVO SE RECUPERA, VIDAS NÃO.

🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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quarta-feira, 21 de abril de 2021

🧑 DOIS JOAQUINS 👱‍♂️

🎋👊🧑 ⚔️ 👱‍♂️👊⛪

⏳🇧🇷⌛ Na história brasileira temos dois Joaquins: um mineiro e um pernambucano. O mineiro defendia uma revolução dos ricos, pelos ricos, para os ricos. A briga era para se livrar de Portugal e claro dos seus altos impostos. Quando a conjura fracassou, ele tentou fugir, mas foi pego sem precisar dar um único tiro. Preso, torceu e distorceu seu depoimento. Não adiantou. Acabou enforcado por ordens da Maria I, a rainha louca. O outro Joaquim era garoto pobre filho de tanoeiro (fabricante de canecas). Estudou, conseguiu se formar e entrou na ordem dos Carmelitas. No seminário de Olinda, junto com outros padres, articularam a única revolta do período colonial que passou da ação para a tomada do poder: Pernambuco de 1817! Durante 75 dias (74 segundo outros) Pernambuco foi um país livre e independente! Mas o sonhos durou pouco, e logo as diferenças entre os ricos donos de terra enfraqueceram o movimento. Nosso Joaquim foi preso e mandado pra Bahia. Quem disse que ele parou? Sete anos depois lá estava ele de novo. Dessa vez numa Confederação. A Confederação do Equador de 1824, dessa vez contra o autoritarismo de D. Pedro I, e mais uma vez tentando fazer de Pernambuco um país livre. Não deu certo. Perdemos. E perdemos feio...vidas, engenhos destruídos, sonhos despedaçados, e a comarca de São Francisco que era nosso passou para a Bahia. Ao contrário do Joaquim de lá, o nosso não fugiu, lutou até o fim, mesmo preso, não entregou seus companheiros. Foi condenado à forca, mas faltou carrasco para executá-lo. Foi fuzilado no patíbulo armado ao lado do forte das Cinco Pontas. Seu nome virou símbolo de liberdade. Entre o Joaquim de lá e o Joaquim de cá, me seduz muito mais o nosso, pois quem bebe de sua caneca sente sede de liberdade! Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, o mártir, o herói do feriado, o mito criado pelos republicanos! Joaquim do Amor Divino Rabelo Caneca, o frei, o maçon, o erudito, o revolucionário! Dois Joaquins, duas histórias. Mas o nosso é mais admirável, embora menos (re)conhecido. Viva Frei Caneca! 👏👏👏

#freicaneca
#historiadepernambuco
#guerraserevoltasbrasileiras

🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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💪😠 A CONJURAÇÃO MINEIRA 😤💪

🤔 INCONFIDÊNCIA OU CONJURAÇÃO ❓ 

Apesar da maioria dos livros de História citarem a nomenclatura “Inconfidência Mineira” preferi usar nesta postagem a terminologia de Conjuração, uma vez que a palavra “Inconfidência” significa traição, ao passo que a palavra “Conjuração” significa revolta ou rebelião, o que a meu ver tem mais a ver com o contexto histórico dessa revolta.

AS CAUSAS

💰 A exploração do Brasil por Portugal.
💰 O esgotamento da produção aurífera (de ouro) em Minas Gerais, gerando pobreza e endividamento.
💰 Os altos impostos devidos pelos mineradores, amedrontados com a cobrança forçada (a Derrama).
💰 As influências externas das ideias liberais dos pensadores europeus, denominados iluministas.
💰 A Independência dos Estados Unidos (1776) e a Revolução Francesa (1789), cujos ideais orientaram a ação dos conjurados mineiros.

OS PERSONAGENS

De modo geral, a Conjuração Mineira foi uma revolta de pessoas ricas, influentes e poderosas da sociedade mineira. Eram donas de terras, minas e escravos. O mais humilde de todos foi Tiradentes, um ex-dentista revoltado com a exploração de Portugal. As principais pessoas envolvidas foram:

👊 Cláudio Manuel da Costa - poeta e advogado
👊 Tomás Antônio Gonzaga - poeta e juiz
👊 Inácio José de Alvarenga Peixoto - poeta e latifundiário
👊 José de Oliveira Rolim - padre
👊 Carlos Correia de Toledo - padre
👊 Manuel Rodrigues da Costa - padre
👊 José Álvares Maciel - estudante de química
👊 Francisco de Paula Freire de Andrade - tenente-coronel
👊 Domingos de Abreu - coronel
👊 Joaquim Silvério dos Reis - coronel
👊 Joaquim José da Silva Xavier - alferes

AS PROPOSTAS

✅ Separar a região das Minas de Portugal.
✅ Proclamar a república.
✅ Mudar a capital de Vila Rica para São João Del Rey.
✅ Fundar uma universidade em Vila Rica.
✅ Conceder auxílio às famílias numerosas.
✅ Instituir o serviço militar obrigatório.
✅ Instalar indústrias.

✳️ OBSERVAÇÃO: a abolição da escravatura era defendida por alguns conjurados, haja vista a maioria possuir numerosos escravos.

O DESENROLAR DOS FATOS

💣 Os conjurados acertaram o dia da Derrama para dar início à revolta, mas receosos de um fracasso no levante, vários participantes denunciaram o movimento ao governador de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena, em troca do perdão de dívidas acumuladas à Coroa. Silvério dos Reis foi apenas um deles.

💣 O governador decidiu suspender a Derrama, desorientando o movimento. Um a um, todos os envolvidos foram capturados e enviados ao Rio de Janeiro.  Foram instauradas duas Devassas (investigação e processo dos acusados), uma no Rio e outra em Minas, o que prolongou o julgamento dos revoltosos a três longos anos.

O DESTINO DOS CONJURADOS

⚖️⛓️ Os conjurados foram mantidos incomunicáveis durante o desenrolar do processo. Cláudio Manuel da Costa foi encontrado enforcado na prisão, provavelmente assassinado pelos seus captores. A sentença final foi dada em 1792 pela rainha de Portugal, D. Maria I: onze condenações à morte, cinco a degredo perpétuo (exílio) e várias penas de prisão. Entretanto, todos os condenados à morte foram absolvidos pela rainha, exceto o mais pobre do grupo: Tiradentes.

⚖️⛓️ O cumprimento da sentença se fez em 21 de abril de 1792 no Campo de São Domingos, Rio de Janeiro. Tiradentes foi sumariamente enforcado e esquartejado. Sua casa foi arrasada e seus descendentes considerados infames. A cabeça de Tiradentes ficou exposta em praça pública, de onde foi roubada e nunca mais se soube de seu paradeiro.

⚖️⛓️ O desejo do alferes, libertar o Brasil do jugo português, foi realizado vinte anos depois pelo herdeiro do trono português, D. Pedro de Alcântara e Bragança. O assassinato de Tiradentes não foi suficiente para tirar do povo a vontade de ser livre e independente da exploração colonial.

📕📗 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 📘📙

📖 AQUINO, Rubim Santos Leão. Um Sonho de Liberdade. A Conjuração de Minas. São Paulo: Moderna, 1998.
📖 BARROS, Edgar Luís. Os Sonhadores de Vila Rica. Coleção História em Documentos. São Paulo: Atual, 1989
📖 COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil - da Conquista à Independência. Volume 1. São Paulo: Saraiva, 1992.
📖 DORIA, Pedro. 1789 - A história de Tiradentes, contrabandistas, assassinos e poetas que sonharam a Independência do Brasil. São Paulo: Harper Collins, 2017.
📖 LEMINSKI, Cristina. Tiradentes e a Conspiração de Minas Gerais São Paulo: Scipione, 1994.
📖 MOTA, Carlos Guilherme. Tiradentes e a Inconfidência Mineira. Coleção o Cotidiano da História. São Paulo: Ática, 1995.
📖 PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudino. História e Vida - Brasil: da Pré-História à Independência Volume 1. São Paulo: Ática, 1993.
📖 SOUZA, Osvaldo Rodrigues. História do Brasil Volume 1 São Paulo: Ática, 1992.
📖 VICENTINO, Cláudio & DORIGO, Gianpaolo. História para o Ensino Médio. História Geral e do Brasil. Série Parâmetros. São Paulo: Scipione, 2001.

segunda-feira, 19 de abril de 2021

🌳🧓 A CIDADE DE PAULISTA-PE E SUAS RELAÇÕES INDÍGENAS 👩🏽🌳

✅ A nossa cidade tem uma profunda ligação com a ancestralidade indígena. Sabemos que o território onde hoje situa-se nossa cidade era ocupado basicamente pelos Tabajarás e posteriormente pelos Caetés, que migraram para Pernambuco após serem perseguidos no litoral de Alagoas por terem assassinado Dom Pero Fernandes Sardinha e consumido suas carnes num ritual de antropofagia em 1556. 

✅ Jerônimo de Albuquerque, que recebeu do donatário Duarte Coelho as terras de Paratibe (cujo etimologia vem de pira-ty-be, nos peixes brancos, nas taínhas) era casado com a índia tabajara Muíra-Ubi, que adotara o nome cristão de Maria do Espírito Santo Arcoverde. Lembrando que foi ele quem doou essas terras para o português Gonçalo Mendes Leitão, em forma de dote pelo casamento com sua filha. Foi Gonçalo Mendes Leitão quem construiu o primeiro engenho dágua na localidade: o engenho Paratibe, além de uma capela dedicada a Santo Antônio e um grande sobrado para sua residência.

✅ Por sua vez, Manoel Alves de Moraes Navarro, conhecido como o "paulista" da qual se origina o nome da cidade, era um exímio caçador de índigenas nas regiões paulistas.

✅ Vários bairros e locais da cidade adotaram nomes que remetem às origens dos primeiros habitantes do país: Janga, Jaguaribe, Jaguarana, Paratibe, Mumbeca, Mirueira, Maranguape, Tabajara, Caetés (que já fez parte de Paulista). Como se pode observar temos uma profunda ligação com os indígenas, ao qual devemos honrar e reverenciar não apenas no dia 19 de abril, mas todos os dias do ano. 👊👊👊

#diadoindio
#historiadacidadedopaulistape

🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

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domingo, 18 de abril de 2021

🏛️ A QUESTÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO 🕌

por José Ricardo de Souza*

historiador, professor da rede pública estadual de ensino, escritor, membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista-PE.

Quando se fala em patrimônio histórico, a primeira ideia que nos vem a mente, é de que se trata de construções antigas, monumentos abandonados, enfim coisas velhas, que, nós historiadores, insistimos em preservar. Entretanto, a questão da preservação do nosso patrimônio histórico, é muito mais séria do que se pensa, ainda mais quando temos um Estado, como é o caso de Pernambuco, com um acervo riquíssimo em termos de valor histórico e documental, e que aposta no turismo, como uma atividade promissora e rentável. É impossível desvencilhar o patrimônio histórico da atividade turística, ambos apresentam uma simbiose, difícil de ser rompida. Todavia, preservar o patrimônio histórico apenas por uma questão turística é relevar a amplitude da importância desse material, como fonte de pesquisa, como representação de uma época, e principalmente como um meio de resgatar para as gerações futuras, toda uma realização cultural, que não pode ser desprezada. O turismo, pode incrementar a discussão sobre a preservação, mas nunca atuar como fator determinante do que deve ou não ser resguardado, pois o turismo, como qualquer atividade econômica, atende aos interesses do capital, que nem sempre coincidem com os da ciência histórica.

Um dos argumentos mais discutidos, contra a preservação de alguns monumentos e edificações, principalmente Igrejas do período colonial, seriam os altos custos, em termos de recursos financeiros e a falta de uma mão-de-obra especializada em recuperar algumas obras. Os mais desavisados poderiam até defender que estas verbas deveriam ser aplicadas em obras do presente e do futuro, como em escolas e hospitais, mas fica a pergunta: "o que nos acontecerá se perdermos nossos referenciais históricos, que atestam nossa identidade cultural, enquanto povo legitimamente organizado?" Seria como arrancar das plantas, a raiz que lhes conduz os nutrientes necessários a manutenção da vida. O mesmo se dá com os povos que não respeitam o legado artístico, histórico e cultural dos seus antepassados. A eles, restarão um cultura submissa, subjugada aos interesses dos poderosos, perdida entre o tempo e o espaço. A preservação do patrimônio histórico não é, como pode se supor, uma excentricidade, não se trata de guardar um lote de quinquilharias, mas é uma necessidade do presente, que precisa dos resquícios do passado, para reconstituí-lo e estudá-lo, até como um tributo aos que construíram esse patrimônio.

A falta de uma política cultural séria, comprometida com as necessidades dos pesquisadores e historiadores, tem comprometido, e muito, a continuidade de alguns trabalhos desenvolvidos em várias partes do país. Afinal, não se pode pensar sem obras de preservação e/ou restauração sem um amparo legal das autoridades competentes, legalmente constituídas para isso. É vergonhoso, imaginar que, trabalhos de preservação no Brasil, só acontecem mediante a intermediação de entidades internacionais, ou com o apoio da iniciativa privada. É muita falta de respeito com a própria identidade do povo, que estes monumentos representam. A sociedade civil organizada precisa estar atenta para este problema, pois a sociedade será a grande prejudicada, se não tomarem medidas cabíveis para administrar o caos em que se encontram nossas relíquias do passado. Um exemplo disso é Olinda, um dos maiores museus a céu aberto do mundo reconhecida pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade, mas qual o estado em se encontra Olinda, mais precisamente o sítio histórico? É de fazer chorar o lixo que invade as calçadas, as construções e reformas inadequadas, a falta de preservação em ruas e Igrejas, e o mais grave a insegurança que ronda a cidade alta, ameaçando  turistas e moradores. Todavia, o descaso se estende em várias cidades de Pernambuco, como por exemplo, em Itamaracá, com a Vila Velha, em Paulista, com as ruínas da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, em Recife, com o abandono do Marco Zero (esquecido no museu das cinco pontas), no Cabo e em Escada, com o desmantelamento dos antigos engenhos, e por ai segue uma lista interminável de abandonos, destruições e falta de compromisso para com o patrimônio histórico.

A continuidade desse processo de destruição do patrimônio histórico tenderá para perdas irreparáveis de todo um material, culturalmente elaborado por um povo, que retratou a sua época e por sua vez registrou o seu destino. Cabe a nós, geração descendente, lutar pela conservação, manutenção e recuperação desses sítios históricos, pois é através deles, que poderemos contar para nossos filhos e netos, quem foram e o que fizeram nossos antepassados. Sem o patrimônio histórico, fica difícil, quase impossível identificar e recuperar dados que permitam o estudo desses grupos que viveram há tempos atrás. Defender o patrimônio histórico não é apenas uma questão de estudiosos em História, mas compromisso de quem acredita que as melhores respostas para as dúvidas do presente estão justamente nos caminhos que a humanidade trilhou, marcados por monumentos, construções, Igrejas que retratam quem fomos e o que podemos vir a sê-lo.

* Artigo publicado no Jornal Folha de Pernambuco, edição de 28 de outubro de 2000.