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💻 🎞 Estreia hoje, 10 de maio de 2023, pelo streaming da Netflix a série documental "RAINHA CLEÓPATRA" (Queen Cleopatra), produzida por Jada Pinkett Smith, com a atriz Adele James no papel principal. A produção é apresentada como um trabalho "baseado em reconstituições e depoimentos de especialistas". O anúncio afirma que o documentário mostra a vida da última faraó do Egito, "que lutava para defender seu trono, sua família e sua obra". Antes mesmo da estreia, a série gerou polêmica no Egito. Cerca de 40 mil pessoas assinaram uma petição online para impedir o lançamento dela, por "falsificação histórica". Mahmoud al-Semary, um advogado egípcio, até entrou com uma ação na Justiça para pedir que a Netflix seja bloqueada no Egito porque, de acordo com ele, a plataforma está promovendo o “pensamento afrocêntrico e de tentar apagar a identidade egípcia”. O debate está acerca da cor da atriz que interpreta Cleópatra, que é negra. Cleópatra foi e é uma das mulheres mais intrigantes e memoráveis de nossa História. Segundo o registro histórico, Cleópatra nasceu no ano 69 ou 70 a.C. em Alexandria, no Egito. Ela foi a última rainha da dinastia helênica fundada por Ptolomeu e também a responsável por governar o Egito após a conquista do país pelo rei Alexandre, o Grande, figura marcada não apenas em diversas obras literárias e cinematográficas. A imagem idealizada de Cleópatra foi difundida pelo cinema norte-americano quando a atriz Elizabeth Taylor a imortalizou na tela grande. Não existem registros, ou documentos, que confirmem que Cleópatra tivesse o biótipo branco caucasiano, que aparece na filmografia de Taylor, mas também nada certifica que ela fosse negra com traços africanos como a série documental da Netflix vem divulgando (lembrando que enquanto o filme de Taylor é uma obra ficcional, onde a licença poética é válida, uma vez que a mesma não se propõe a retratar a realidade). O mais próximo da realidade que podemos afirmar é que Cleópatra tinha traços helênicos, mas também africanos, ou seja, era mestiça, como a maioria da população que morava próxima ao mar Mediterrâneo, uma região com um fluxo comercial bastante intenso na antiguidade. Algumas representações sugerem uma mulher de pele clara, olhos escuros e cabelos escuros, eventualmente encaracolados, ou seja nem uma Elizabeth Taylor, nem uma Adele James! A discussão sobre a cor da pele de Cleópatra só será finalizada se algum dia o túmulo de Cleópatra for encontrado e um exame de DNA puder ser feito. Vale lembrar que existe uma diferença entre filme e documentário. Enquanto o primeiro pode explorar a trama de forma ficcional, o segundo pretende ser um relato o mais próximo possível do que é retratado. Talvez por isso "Rainha Cleópatra" (Queen Cleopatra) despertou debates acalorados sobre africanismo, whitewashing (enbranquecimento de personagens históricos pelo cinema), representatividade negra nas produções audiovisuais, e é claro sobre o racismo. 👊🏾👊🏾👊🏾
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🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋 professor e historiador.
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