quinta-feira, 19 de junho de 2025

🚀🚨 🇮🇱 ISRAEL X IRÃ - O Mundo em Conflito 🇮🇷 💣💥

por José Ricardo de Souza*

O mundo assiste, com temor, o avanço devastador da guerra entre Irã e Israel. Nos últimos dias, a escalada militar atingiu nível crítico, com riscos reais de um conflito ainda maior no Oriente Médio. As hostilidades entre israelenses e iranianos chegaram a um nível de tensão nunca visto desde o final da Segunda Guerra Mundial em 1945, fazendo com que o tabuleiro geopolítico do Oriente Médio ficasse cada vez mais confuso e emblemático. A disputa pela hegemonia entre Estado Judeu israelense e o Estado Teocrático Xiita dos Aiatolás iranianos na maior região produtora de petróleo do planeta é um retrato fiel de um conflito que atravessa décadas, ou melhor, séculos, cujas origens podem ser encontradas na Antiguidade.

O Irã – herdeiro direto do grande Império Persa e dos impérios islâmicos que moldaram o mundo antigo e medieval – carrega mais de dois mil anos de história contínua, guerras, resistências e transformações. Não se trata de um Estado artificial nascido do pós-guerra ou da partilha colonial, mas de uma civilização enraizada, orgulhosa e calejada. A República Islâmica do Irã é uma potência regional com exército, soberania e estratégia. Os iranianos sabem o que é guerra – estiveram em muitas, e sobreviveram a todas. Desde as guerras com os gregos de Leônidas e Alexandre Magno até Saddam, passando por invasões mongóis e conflitos internos, o povo iraniano construiu uma memória coletiva que não se dobra fácil diante de pressões externas. Nesse sentido, o projeto belicista de Benjamin Netanyahu encontra um oponente à altura – não uma vítima inerme, não um inimigo frágil, mas um Estado que se move com racionalidade geopolítica e resiliência histórica.

Em Israel, as sirenes não param de tocar. Em Tel Aviv, Haifa e Jerusalém, a população corre para abrigos subterrâneos. A embaixada americana em Jerusalém foi fechada. Do outro lado, milhares de civis deixaram Teerã com medo de uma retaliação ainda mais devastadora. O espaço aéreo foi parcialmente fechado. Segundo fontes diplomáticas, os Estados Unidos já mobilizaram navios e caças na região do Golfo Pérsico. A qualquer momento, podem intervir diretamente, arrastando o planeta para o abismo de uma guerra em larga escala. A diplomacia internacional parece paralisada diante da velocidade dos acontecimentos.

O Aiatolá Ali Khamenei fez alertas ao presidente americano sobre "danos irreparáveis" caso os militares dos Estados Unidos entrem no conflito ao lado de Israel. Em mensagem transmitida na televisão estatal, Khamenei afirmou que o Irã não se renderá. Até o papa Leão XIV pediu paz entre Israel e Irã: "A guerra é sempre uma derrota", disse ele. Não adiantou os apelos de Sua Santidade, Benyamin Netanyahu mira acabar com o programa nuclear iraniano, e mísseis contra Natanz, Isfahan e Fordow dão um tom mais perigoso ao conflito, uma vez que envolve instalações com material altamente radioativo e portanto capazes de lançar à guerra a graus de contaminação fatais principalmente para a população civil.

A entrada dos Estados Unidos no conflito pode ser a chave que vai virar de vez os rumos da guerra. As cartas estão lançadas. De um lado, Israel conta com o apoio dos Estados Unidos, da maioria dos países europeus e dos países árabes, incluindo a Arábia Saudita. Do outro, o Irã tem o apoio da Rússia, do grupo libanês Hezbolla, e de forma mais velada da China, que compra o petróleo iraniano. O Conselho de Segurança da ONU, que já foi convocado, trabalha para encontrar uma solução diplomática para a crise, mas até agora, sem obter sucesso.

A História mais uma vez se repete. Intervenções (desastrosas) dos Estados Unidos já aconteceram no Vietnã (1965), no Afeganistão (2001) e no Iraque (2003) e os resultados foram países destroçados com vácuos de poder e muita convulsão interna – salvo o Vietnã, até hoje grupos rivais se digladiam no Iraque, enquanto que no Afeganistão o grupo sunita Talibã tomou o poder em 2021. A derrubada do regime xiita iraniano, que tomou o poder em 1979, pode jogar o país numa crise sem precedentes, além de gerar mais uma crise migratória, dentre tantas que já tivemos na Síria, no Iêmen, em Gaza, etc., movimento centenas de refugiados para fronteiras dos países vizinhos.

O futuro é incerto, o desfecho é imprevisível, a única certeza que temos é de que estamos a um pé de um conflito globalizado, um eufemismo para guerra mundial, desta vez com elementos nunca dantes vistos, como a inteligência artificial, os drones, a guerra cibernética, e a mobilização da opinião pública através das redes sociais. A História ensina que quando se mistura religião, poder, e sobrevivência tudo pode acontecer. Fiquemos atentos. O mar da História está mais agitado do que nunca, e as tempestades e procelas estão mais próximas do que se imagina.

* O autor é professor da rede pública estadual de ensino, historiador e pesquisador, e criador do projeto Muita História pra Contar. Membro honorário do IAHGP e da UBE, vice-presidente do IHGAAP, e sócio-fundador da ALAP.

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