domingo, 19 de junho de 2011

AVISO SOBRE AS RECUPERAÇÕES


Serão realizadas nos dias 20, 21 e 27 de junho.

Os assuntos serão os mesmos das avaliações.

Quem deve fazer recuperação:

a - O aluno(a) que tiver nota inferior a 6,0 na avaliação do bimestre ou no simulado.
b - O aluno(a) que faltou fazer algum teste do bimestre.
c - O aluno(a) que não entregou trabalhos.
d - O aluno(a) que não atualizou o caderno (isto vale para a 7ª e 8ª séries)

CALENDÁRIO DAS AVALIAÇÕES:

20.06 - 7ª Série (História)
21.06 - 8ª Série (História), 1° Ano (Geografia e Sociologia), e 2° Ano (Geografia e Sociologia)
27.06 - 1° Ano (História e Filosofia) e 2° Ano (História e Filosofia)

Estudem e boa sorte.

Prof° José Ricardo

domingo, 12 de junho de 2011

COMPARAÇÕES


* Nosso amor é como uma chama exposta ao vento, mas que não se apaga.

* Nosso amor é como o rio que mesmo represado, teima em seguir para o mar.

* Nosso amor é como uma criança carregada de esperança.

* Nosso amor é como o mel cheio de doçura.

* Nosso amor é como o sol que irradia luz em todos os sentidos.

* Nosso amor é como uma semente que germinará árvores frondosas e com bons frutos.

* Nosso amor é como a primavera que anseia pelo desabrochar das flores.

* Nosso amor é como um diamante, que quanto mais se lapida, mais brilhante fica.

* Nosso amor é como uma estrela que brilha, mesmo que seja na noite mais escura.

* Nosso amor é como a lembrança que se transforma em saudade.

* Nosso amor é como uma ave que busca seu ninho.

* Nosso amor é como uma lágrima que escorre de um olhar apaixonado, bonita, porém triste.

* Nosso amor é como uma laranja que quanto mais espremem mais dá bons sucos.

* Nosso amor é como a rocha que resiste às mais fortes ondas só para não perder o espetáculo do pôr-do-sol.

* Nosso amor é como um trem, que de estação em estação, seguindo na linha, sempre chega ao seu destino.

* Nosso amor é como a brisa tranqüila que sopra para acalmar o calor.

* Nosso amor é como nuvem, que parece parada, mas sempre está sempre seguindo em frente.

* Nosso amor é como fogo que espanta a escuridão.

* Nosso amor é como o primeiro beijo, inesquecível.

* Nosso amor é como o tempo, existiu, existe e existirá, para sempre.

José Ricardo de Souza - poeta e escritor

CONVERSA PARA OS NAMORADOS


por José Ricardo de Souza*

Felizes sejam os namorados, que deste amor abençoado nasça um namoro santificado, consagrado a Deus. Aos namorados cabe uma responsabilidade muito importante, que é se formar novas famílias. Isto mesmo, namoro é uma preparação para uma futura convivência familiar. Quem namora, não pode, nem deve, se esquecer disto. É claro que namoro que se preze tem seus momentos de descontração, de lazer, de aproveitar a vida, antes de assumir compromissos mais sérios como o sustento e o esteio de uma casa, criação dos filhos, etc. Entretanto, quando a gente se namora deve sempre repetir a mesma pergunta: será que meu namorado(a) vai ser mesmo um bom(boa) esposo(a) ? Será que a nossa convivência de namorados confirma que podemos continuar juntos para construir um mesmo projeto de vida comum ?

Há quem pense que namorar se resume a beijos e abraços, quando não a carícias e amassos! Não deveria ser bem assim. Assim como na vida, cada coisa tem seu momento certo, no namoro é a mesma coisa. Alguns namorados confundem as coisas, e acabam atrapalhando o processo natural do amadurecimento de um namoro. Exemplos não faltam para confirmar o que estou afirmando. Tem casais que mal começam o relacionamento já estão praticando sexo, se entregam de maneira ousada e irresponsável aos prazeres da carne. As conseqüências são mais funestas possíveis: gravidez indesejada, frieza no relacionamento, abandono e sensação de vazio. Quem cede demais aos apelos do corpo, acaba sem escutar a voz do coração, e nada pior do que um coração esquecido.

Não existem receitas, nem fórmulas prontas, para um namoro dar certo. Cada casal de namorados tem uma realidade própria que deve ser entendida dentro de seu contexto. O que pode ser bom para um casal, pode ser desastroso para outro. Valem algumas regras que considero essenciais: o afeto, o carinho (sem cair nos excessos das carícias), o respeito mútuo, a compreensão, a fidelidade (coisa rara hoje em dia), a sinceridade (falar sempre a verdade, mesmo quando esta seja dolorosa), a tolerância (aceitar as diferenças do outro). Sugiro que fujam dos ciúmes bobos, das fofoquinhas de amigos(as), das implicâncias de familiares e parentes (que sempre atrapalham), e do desejo de posse (ninguém é dono da vida do outro).

Quando possível, aprendam a rezar juntos, pois quem reza unido, permanecerá unido. Juntem as mãos, não apenas para andar pelas ruas, mas também para agradecer à Deus pelo amor de vocês. Aproveitem bem o namoro para se conhecerem, para entenderem as idéias do outro, para sonharem juntos. Namoro é troca de experiências, é doação, é partilha, é compromisso. Namoro não é sexo, não é traição, não é ciúme, nem obsessão. Namoro feliz é aquele que se constrói em cada alegria dividida, em cada lágrima partilhada, em cada luta vencida, em cada sonho realizado. Namoro triste é quando a gente diminui em valores, deixa de ser pessoa e passa a ser objeto de desejo sexual, passa a ser dominado e explorado pelo outro.

Aos namorados que deram e que dão certo, meus parabéns, deles é o reino da esperança de um dia formamos mais famílias unidas e felizes. Aos que não deram tão certo, minha solidariedade para que descubram a pessoa certa, mas que seja da forma certa, no lugar certo, e no momento certo também. Apaixonadamente, possamos ser mais abertos ao sentimento afetivo e que este possa abrir nossos corações para a beleza do ser humano, para a sutileza da natureza, para os mistérios de Deus. Abençoado seja o amor enamorado, que preencha os céus e a terra de ternura e paz. Assim seja.

* Artigo escrito especialmente para o Jornal "O Dialogo" da Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres de Maranguape - Paulista - PE.

SER (E)NAMORADO


Por José Ricardo de Souza

Quando lhe conheci, pensei que fosse uma pessoa a mais para entrar em meu círculo de amizade. Gostei de seu jeito de ser e de viver. Seu olhar parecia me dizer coisas que iam além das palavras, pois tocavam fundo em meu coração. Aos poucos, nossa amizade carecia de algo a mais. Não demorou muito e fiquei envolvido com você. E que laços são esses, que me fazem pensar em você, a cada instante de minha vida ? A não ser que tenha outro nome, penso que seja amor, este estranho sentimento que muda e transforma a vida da gente; que inspira os poetas e artistas; que traz aconchego e paz.

Nunca mais fui a mesma pessoa depois que me apaixonei por você. Meus dias, que antes pareciam tristes e vazios, agora projetam um amanhã diferente, onde juntos caminharemos rumo à felicidade. Minha história se confunde com a sua história e não sabemos mais onde começa e onde termina esta união de lutas, sonhos e esperanças que se entrelaçam formando uma grande teia de cumplicidades. Aprendemos que, para namorar bonito, é preciso saber se doar ao outro, na medida certa, sem exageros. Construímos uma relação afetiva onde não faltam o carinho, o afeto, o respeito, a ternura, a compreensão, a tolerância, a sinceridade e a fidelidade. Somos dois, mas parecemos sermos apenas um, inseparáveis e insuperáveis.

Nosso namoro é uma sementinha que teima em germinar para crescer e dar flores e frutos no futuro. Quero formar com você uma família bonita e feliz, ser seu anjo abençoado e você ser minha princesa encantada. Solidão é coisa do passado. Agora, com você, meu presente é pura alegria. Separar para que ? Se somos exatamente aquilo que um espera do outro, se nos completamos, se temos compromisso assumido com a felicidade do outro ? Nada, então, poderá nos separar! Nada, nem ninguém, apenas Deus pode me tirar de você e você de mim.

Aprendi com você que a vida é mais bonita quando se ama alguém. Amo você e sou feliz por isto. Minha alma transborda de contentamento e meu coração se enche de esperanças. Creio que serei seu para sempre, assim como serás minha também. Cultivo meu sentimento numa pessoa maravilhosa, de alma nobre e boa, que me serve de exemplo e me causa admiração. Nela, confio meu afeto; para ela, entrego meu coração. Em nome deste amor sonharei, lutarei, construirei, rezarei, chorarei, viverei ... Que nosso namoro seja consagrado, pois bendito seja o amor que nos uniu. Que seja sereno e puro, em sentimentos e ações. Que seja infinito, pois está escrito "o que Deus uniu, o homem não separe". Serei um dia, seu esposo; um dia serás minha esposa; por enquanto nos contentamos em ser namorados ... Apaixonados e enamorados, unidos pela mesma fé, agraciados pelo mesmo amor. Assim seja.

Nota: este artigo foi inspirado em Rosimeire Severina Francisco, minha noiva e eterna namorada, para quem presto esta singela homenagem. Para você Meire, com carinho dedico todo o meu afeto. Te amo.

* Artigo publicado na Folha de Pernambuco, edição de 12 de junho de 2004

DICAS PARA MANTER O NAMORO


* Conquista : Dê um jeito de se fazer notar, mas seja discreto(a); não a(o) encare logo no primeiro olhar.

* "Eu te amo" é uma frase muito forte para dizer logo no início do namoro.

* Namore no presente. Se o namoro está começando aproveite o agora. Evite fazer planos como comprar um carro em sociedade, casamento, etc.

* Não é por estar namorando que vocês precisam se ver todo dia e falar ao telefone toda hora. Tem dia que todo mundo quer ficar sozinho. Faça um programa independente e aproveite o 'feriado do namoro' para no dia seguinte matar a saudade.

* Faça elogios sinceros. Todo mundo gosta de ser valorizado e que os outros notem suas qualidades.

* Não tente impressionar nem inventar coisas a seu respeito.

* Nada de se atrasar para um compromisso. Seja pontual. É uma questão de educação e não irrita quem está esperando você.

* Não implique com as manias dos outros. Você também tem as suas.

* Procure assuntos que tenham em comum para conversar.

* Não comente os defeitos dele/dela em público. Guarde só para você.

* Não idealize o namoro para não arrumar briga cada vez que suas expectativas não forem correspondidas.

* Se vocês são de níveis sociais diferentes, cuidado com o que fala.

* Quer mandar um bilhete? Mande, mas assine.

* Um presentinho simples pode fazer milagres.

* Valorize os gestos e presentes por menores que sejam.

* Um sorriso é sempre bem vindo.

* Mostre que você se orgulha de ser quem é, sem parecer esnobe. Modéstia demais também atrapalha.

* Não tenha vergonha de falar do que já conquistou.

* Peça sempre um conselho. Ele ou ela se sentirá especial. Demonstre que as opiniões dele/dela são importantes para você.

* Fale sobre coisas importantes e sobre coisas sem importância também.

* Procure estar sempre com o mesmo estado de espírito.

* Não se desespere diante de imprevistos. Pare e pense.

* Todos tem o direito de elogiar e encontrar qualidades em outras pessoas.

* Dê uma paradinha para respirar. Ficar investindo na paquera o tempo todo cansa.

* Se você tem religiões diferentes, cada um na sua.

* Sempre que for dar uma bronca, pergunte-se antes se não pode substituí-la por uma gargalhada.

* A aparência é importante. Preste atenção no seu visual. Mas não se esqueça que os cuidados vão além do que aparece no espelho. Procure ser uma pessoa interessante, cheia de novidades e assuntos legais para conversar.

* Nas pequenas e nas grandes coisas, tratar com carinho é muito importante. E não é só no toque. Tem também o jeito de falar, de olhar, de conversar sobre os problemas de vocês. Mas se voce é do tipo reservado, não force a barra.

* Você não precisa contar todos os seus namoros, casos, problemas e brigas de família. A intimidade e o conhecimento do outro são coisas que vão acontecendo aos poucos nos relacionamentos.

* Para resolver as diferenças com seu par devem ser observados dois pontos básicos: confiar no amor que sentem um pelo outro e ter vontade de se entender e de viver bem com ele.

* É legal fazer e receber surpresa, mas nem todas são bem-vindas. Pense nisso quando aparecerem idéias mirabolantes na sua cabeça.

* Não deixe o seu relacionamento entrar numa rotina enfadonha. Os mesmos programas, as mesmas pessoas, o mesmo tipo de roupa, conversa, atitude e briga. Não se acomode. Faça o seu mundo crescer.

* Se os dois tem condições financeiras iguais, o legal é você pagar umas vezes e ele/ela pagar outras e dividir a conta de vez em quando. Se um tem mais grana, contribui mais.

* Tente manter o bom humor nas catástrofes. Se você ficar de mau humor e descontar toda a sua raiva em cima do seu par, pode ficar sem ele. Se não há nada que você possa fazer, tente rir de sua irritação.

ASSUNTOS PARA O SIMULADO - 1° ANO


Disciplina: HISTÓRIA

* Civilização Mesopotâmica
* Civilização Egipícia
* Civilização Hebraica
* Civilização Fenícia
* Civilização Persa
* Civilização Cretense

Data: 20/06

Disciplina: GEOGRAFIA

* Coordenadas Geográficas
* Escala
* Tempo e Clima
* Orientação Espacial

Data: 17/06

Disciplina: FILOSOFIA

Os Milésios

* Tales de Mileto
* Anaximandro
* Anaxímedes

Data: 17/06

Disciplina: SOCIOLOGIA

Conceitos Básicos:

* Isolamento social
* Contatos sociais
* Comunicação
* Interação social

Data: 20/06

ASSUNTOS PARA O SIMULADO - 2º ANO


HISTÓRIA

As Revoluções Burguesas

* Revolução Inglesa (Cap 28)
* Revolução Americana - Independência dos Estados Unidos (Cap 31)
* Revolução Francesa (Cap 32)

Data: 20/06

GEOGRAFIA

Geografia do Brasil

* População
* Agricultura
* Industrialização

Data: 17/06

FILOSOFIA

Linguagem

* O que é Linguagem
* Os Signos
* A Gramática
* Seres Linguísticos
* Atos da Fala

Data: 20/06

SOCIOLOGIA

Fundamentos Econômicos da Sociedade

* Bens e serviços
* O trabalho humano
* Matéria-prima
* Recursos naturais
* Instrumentos de produção
* Meios de produção
* As forças produtivas
* Relações de produção

Data: 17/06

sábado, 4 de junho de 2011

ANIVERSARIANTES DO MÊS - Junho


03 - Luiz Fernando (8ªA)

04 - Ítalo Diego (1°B)

06 - Isabela Maria (1°A)

06 - Renata Maria (1°B)

09 - Rúbia Emmilly (7ªA)

14 - Leonardo Ferreira (1°A)

14 - Márcio Paulo (1°B)

18 - Djhony Kevin (7ªA)

21 - Hérica Cavalcanti (1°A)

22 - Rúbia Thalia (7ªA)

24 - João Matheus (8ªA)

30 - Emesson Salvino (8ªA)

A todos(as) vocês que aniversariam neste mês de junho meus sinceros parabéns e votos de paz, saúde e sobretudo felicidade; que vocês possam atingir e realizar todos os seus sonhos.

Um cordial abraço

Prof° José Ricardo

FICAR POR FICAR


Por José Ricardo de Souza*

Num dos maiores sucessos de Luiz Gonzaga, podemos extrair o seguinte verso: "ela só quer, só pensa em namorar", se fosse composto hoje (a música é de 1953) o Xote das Meninas teria que substituir o termo namorar por Ficar, o mais recente modismo do mundo teen. Ninguém pensa mais em namorar depois que a mídia, principalmente televisiva (através de suas novelas e séries dedicadas ao público adolescente) investiu pesado na propaganda desse modelo de relacionamento social, até como uma alternativa para o antigo namoro. O "Ficar" pode ser conceituado como uma relação temporária entre jovens e/ou adolescentes que buscam no outro a satisfação de um prazer momentâneo, seja através de toques e carícias, podendo culminar ou não em relação sexual. O que marca, entretanto, o "Ficar" é a ausência total de vínculos ou compromissos, uma vez que quem fica, fica apenas por uma noite ou uma festa, e no dia seguinte podem passam um pelo outro sem sequer cumprimentarem-se.

Uns defendem o "Ficar" como um momento privilegiado de descoberta da sexualidade, principalmente para o adolescente, que antigamente era condicionado a procurar prostitutas (no caso masculino) ou a reprimir o desejo para após o casamento (no caso feminino). Seguindo essa linha de pensamento, afirma-se que o "Ficar" liberou os jovens para uma vivência mais saudável da sexualidade, sem os preconceitos ou culpas impostos pela moral da sociedade antiga, marcando novos paradigmas para a iniciação sexual desses jovens, o que daria a eles um amadurecimento precoce no que concerne às questões da afetividade e da sexualidade humanas. O "Ficar" passaria a ser, dentro dessa visão, um cursinho de sexo para principiantes, a cartilha de quem quer apenas satisfazer aos desígnios do instinto.

No lado oposto, a crítica ao "Ficar" advêm tanto dos grupos mais conservadores, principalmente os religiosos, quanto de grupos mais moderados, que vêem no "Ficar" uma apologia da irresponsabilidade e da falta de compromisso entre os adolescentes. Talvez, a maior crítica ao "Ficar" seja o esvaziamento do lado afetivo e emocional, que leva o jovem a desprezar, conscientemente ou não, o aspecto afetivo da relação, deixando uma lacuna que somente o amor é capaz de preencher. Na lógica do "Ficar" as razões do coração ficam abafadas e esquecidas sob o apelo incontido do desejo carnal, que é quem dita as regras do jogo da sedução e o exercício de uma sexualidade descompromissada, sem maiores preocupações com as conseqüências do sexo irresponsável como a disseminação de doenças ou até mesmo uma gravidez indesejada.

No decorrer desse processo do "Ficar", os adolescentes e jovens perdem a oportunidade de amadurecerem do ponto de vista psiquíco-afetivo, porque investem numa relação, cuja própria essência é vazia de sentido, ou melhor de sentimento de um pelo outro. Ocorre uma autêntica banalização do sentimento afetivo, uma vez que após o "Ficar" a pessoa é totalmente descartada, como se fosse uma mercadoria sem valor ou um objeto em desuso. O ser humano perde sua dignidade, a medida em que é usado para a realização de um prazer momentâneo e após a consumação do sexo, abandonado às suas próprias dúvidas e frustrações. O amor de uma única noite, jamais se comparará ao amor de todas as noites de uma vida, porque o ser humano carece dessa certeza de que ama e é amado, que justifique o relacionamento a dois.

A prática do "Ficar" acabou por irrelevar sentimentos e valores que serviam de alicerce para relacionamentos mais duradouros e estáveis, como o noivado e até mesmo o casamento, e desde então mantém a preferência numa geração doutrinada para o culto do ego, o endeusamento de si mesmo, e o esquecimento das convecções éticas e morais. As manifestações do amor sincero, que supõe respeito e fidelidade, ficam confinadas a algumas pessoas e/ou grupos que por opção, preferem nadar contra a correnteza dos que defendem o amor livre, sem regras ou limites. No namoro, podemos afirmar que alguma lição que precisava ser aprendida fica de fato na formação de quem namora seriamente, mas o que fica num "Ficar", senão um desejo, quase insaciável de querer mais e mais, o que leva a buscar outros "Ficares", às vezes até mais de um numa mesma noite. Afetividade rima com maturidade, e esta é resultado de envolvimentos sólidos, estáveis, que sabem lapidar o amor até atingir sua mais profunda essência. Ficar por Ficar, estamos ficando mais comodistas, mais insensíveis e muito, mas muito irresponsáveis, porque o amor exige respeito e compromisso para ser e fazer alguém feliz.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

APAIXONAR-SE - Viver uma grande paixão é o maior desfio humano


por José Ricardo de Souza*

Apaixonar-se, estar enamorado(a) por alguém especial, admitir que o sentimento amoroso tomou conta de nosso coração. Um estranho sentimento esse, é o amor, o único capaz de elevar a alma humana aos céus ou conduzi-la ao caminho da desilusão e do infortúnio. Nem todos conseguem vivenciá-lo com sabedoria e serenidade. É preciso prudência, e muito cuidado, o que raramente acontece quando nos deixamos levar por uma grande paixão, daquelas que transformam nossa vida num vai e vêm de sonhos, fantasias, esperanças, quando não de ilusões perdidas. É difícil discernir, onde está a razão, o bom senso, e às vezes até o limite. Tudo parece ser um mar de flores, mesmo que nosso barco esteja na mais perigosa das tempestades. É a parte mais bonita do processo que leva ao ato de apaixonar-se, mas também seu lado mais arriscado. Perder a racionalidade, renunciar ao equilíbrio, abrir mão da liberdade, ir anulando-se em função de outra pessoa, são os riscos de quem trilha esse caminho apaixonado.

Entretanto, nem toda paixão pode ser encarada como uma irresponsabilidade ou como uma fuga da razão. Apaixonados(as) podem ser conscientes, a ponto de buscarem no outro a felicidade, sem contudo, descuidar de sua vida, de seu destino, de seus objetivos. Apaixonar-se pode também significar abandonar a si mesmo, renunciar ao egoísmo, partir do "nós" para construir um novo caminho, partilhado a cada momento, vivenciado em cada alegria, em cada sorriso, em cada lágrima que derrama sentimento, seja ele de dor ou de emoção. Tomados por uma grande paixão, podemos fazer coisas que antes pareceriam impossíveis, improváveis ou inatingíveis. O que faz a diferença, então, senão a força que o sentimento em sua essência possuí, capaz de arrastar atitudes, sedimentar projetos de vida, colaborar para alcançar a vitória, mesmo que seja a duras penas.

A paixão é uma das essências que sustentam a vida, dando-lhe um sentido, um direcionamento, um ponto de partida para quem deseja transformar ou deixar-se transformar, em função do afeto, do carinho, e da ternura. Viver desprovido de uma paixão, quer seja ela por uma pessoa, por uma atividade, por uma divindade, ou por um ideal, pode ser a pior coisa que um ser humano pode enfrentar, pois passará a contar os dias e noites como uma sucessão melancólica de tempo. Nada mais triste do que perder a esperança depositada numa paixão. É dor que dói na alma, cujas cicatrizes, nem mesmo o passar dos tempos poderá apagá-las. Ainda assim, mesmo sabendo que podemos sofrer, cair num abismo, teimamos em manter a chama da paixão viva, pois é ela quem ilumina o nosso caminho de seres apaixonados, por suas histórias nem sempre tão apaixonantes, como deveriam sê-las.

Se a dor fosse o preço a pagar pela aventura de apaixonar-se por alguém, diria que muitos não hesitariam em pagá-lo, ainda que fosse por alguns míseros instantes, únicos capazes de transformarem-se em séculos de felicidade, quando sentimos a presença de quem amamos de verdade. Todavia, nem só de dores alimenta-se uma paixão, ela também é feita de poesia, saudade, encantamento, doação, partilha, tudo isso num único mistério: o de apaixonar-se, mantendo o sonho de um sentimento ideal, sem perder a noção de quem sabe porque ama, quem ama, e como deve ama-lo(la). Apaixonadamente somos chamados ao encontro do outro, é um pedido inerente da natureza humana, sempre carente de gestos concretos de afeto, que se traduzam em palavras e ações, capazes de expressar o quanto somos gratos a alguém, a Deus, e à vida, quando descobrimos o quanto é bonito, amar e ser amado, sem perder a esperança, a consciência e a beleza da vida.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

ESTOU LIGEIRAMENTE GRÁVIDA, E AGORA ?


por José Ricardo de Souza*

Quantas jovens e adolescentes não se colocam na situação acima descrita ? Em meio aos grilos próprios da idade, ter que lidar com uma gravidez. Justamente agora, que eu estava começando a "curtir" a vida, vêm um bebê, reclamam algumas. O pai, quase sempre, também jovem ou adolescente, não tem emprego, e muito menos condições materiais para sustentar a prole. Pronto, o que poderia ser a realização de um sonho, passa a ser um pesadelo, com todas as implicações morais e sociais possíveis. Em noventa por cento dos casos cabe à família de um dos "apressadinhos" zelar pela guarda e criação do pequeno ser que vem somar-se à população mundial. Parece estranho que com tanta informação sobre sexo e contracepção, a turma jovem ainda cometa este tipo de atropelo.

A gravidez precoce está começando a se tornar um problema de saúde pública, no sentido de que gera toda uma gama de necessidades, tanto a nível individual (dos futuros pais), quanto a nível social, o que exige do Estado toda uma infra-estrutura para atender às futuras mamães e seus rebentos, o que significa pensar em uma boa rede de hospitais e maternidades, escolas e creches, e principalmente prover o casal dos meios necessários para manter-se, o que sugere programas de emprego. Entretanto, o real distancia-se, e muito, do ideal, e o que se vê é um verdadeiro descalabro quando o assunto é gravidez precoce e suas conseqüências. A grande maioria das meninas-mães das nossas cidades abandonam os bancos escolares, trocando-os pelos bancos das feiras, numa clara relação de como a necessidade de estudar passa a ser um supérfluo diante da pobreza em que vivem essas jovens mães e suas crias. Os pais desses bebês pouco podem colaborar, em face de que, em sua maioria, são jovens desempregados, com pouca escolaridade, e sem nenhuma perspectiva de trabalho a curto prazo, salvo algumas raríssimas exceções. Um detalhe, sem ter um teto próprio, grande parte desses jovens casais passam a compartilhar da casa paterna (ou materna, se for o caso), dividindo o espaço com a família de origem.

A quem cabe a responsabilidade diante desse fenômeno de meninas que trocam as bonecas por um bebê de carne e osso, numa idade onde a imaturidade ainda toma conta de suas cabecinhas ? Afinal, onde está a tão propagada educação sexual, que presume-se deveria ser ministrada nas escolas, como um instrumento de conscientização acerca da gravidez e das doenças sexualmente transmissíveis ? O problema é que vivemos numa sociedade erotizada e erotizante, onde o discurso afetivo é suprimido em função da banalização do sexo, sem uma preocupação com as conseqüências do ato carnal. O resultado não poderia ser diferente, o exagerado aumento da gravidez, principalmente em moças de baixa idade, numa clara alusão de que o apelo do casalzinho da novela das seis, que transa sem o menor constrangimento, parece mais eficaz do que a campanha pelo uso do preservativo. Além disso, acrescente-se a essas influências o peso das pornô-danças (tchan e similares), a temática de nove em cada dez músicas, que insistem na rima ama-cama, e a liberalização desenfreada dos costumes, onde a saia e/ou o short ficam cada vez mais curtos, quase igualzinho ao salário-mínimo.

Sem falsos moralismos, podemos afirmar que, quanto mais a sociedade e os meios de comunicação insistirem em negligenciar valores como família, respeito, ética, prudência, bom senso, e outros correlacionados, teremos muitas meninas-mamães e muitas crianças sem o mínimo suficiente para viverem com dignidade, pois o fenômeno da gravidez precoce atinge muito mais as famílias de baixa renda do que as que se escondem sob muros de mansões ou paredes de luxuosos apartamentos. Quem aposta numa prática desse tipo está na verdade jogando fora o futuro de toda uma nação, e contribuindo para o aumento da prostituição (inclusive, a infanto-juvenil), dos menores de rua, da violência, das drogas, das favelas, e de todas as mazelas resultantes da pobreza e da miséria a que estão condenados milhões de brasileiros.

Por que não insistir em programas de conscientização sobre o bom exercício da sexualidade, sem aquele apelo hipócrita de "transe, mas use a camisinha", o que é um incentivo para a promiscuidade ? Por que não pensar numa proposta de educação sexual que vise formar o futuro pai, a futura mãe, dentro de um contexto denominado família, inserindo valores como a prudência, para discernir o momento mais adequado para gerar uma nova vida, e o respeito pelo corpo, sem esse modismo que transforma o corpo numa mercadoria de consumo imediato e passageiro ? Alguma coisa está errada nesse assunto de gravidez precoce, e cabe a nós reparar estes erros, antes que tenhamos uma sociedade inchada, conturbada, mergulhada num caos, onde o medo e a violência sejam a ordem do dia.

A liberdade sem responsabilidade com a qual muitos, em suma a grande maioria, tratam a sexualidade tem resultado num sem número de mães imaturas e despreparadas, isso sem contar com os pais, igualmente rudes quando o assunto é criança, ou melhor recém-nascido. O assunto merece de uma discussão maior por parte da sociedade, pois não adianta apenas ensinar a como se evitar uma gravidez (qualquer método contraceptivo possuem falhas), é preciso ir mais além e buscar novos caminhos, conceitos, perspectivas para o exercício de uma sexualidade mais amadurecida, responsável, capaz de identificar a pessoa, a forma, e o momento certo para darem oportunidade a uma nova vida que surge. Não existem modelos prontos quanto a isso, trata-se de uma escolha muito pessoal, mas sem dúvida é uma decisão que pode, e muito, transformar radicalmente a vida de qualquer pessoa. Portanto, parar para pensar antes de levar adiante uma relação sexual, ainda parece ser uma boa idéia.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

MORAL SEXUAL OU ÉTICA SEXUAL ?


por José Ricardo de Souza*

A palavra moral e seus derivados, como moralista, moralismo, moralizar, etc., sempre despertam uma certa antipatia naqueles que defendem o liberalismo, como um dos baluartes da sociedade moderna. O comportamento sexual, por exemplo, nunca ficou tão liberalizado, como na nossa época, a ponto de se tornar algo banal, e em muitos casos, vulgar. Os mais liberais admitem que a sexualidade deve ser vivenciada da forma mais livre, aberta, e desregrada possível, pois, segundo eles, o sexo é algo natural, próprio dos seres humanos, destinado a proporcionar o prazer no sentido carnal, e que portanto, não se sujeita à regras impostas pela sociedade. Ainda mais, sabendo-se que no tema sexo e sexualidade, as regras são ditadas pelas denominações religiosas, baseando-se nas suas respectivas doutrinas, ficando ainda mais difícil o diálogo entre ambos, liberais e conservadores.

As conseqüências do liberalismo sexual, desencadeado a partir dos anos 60-70, após a invenção da pílula anticoncepcional, estão por toda a parte, e vão desde a propaganda, que usa e abusa do corpo, como uma mercadoria de consumo, passando pelas músicas, novelas, revistas, livros, danças, modas, roupas, que estimulam a erotização, impondo-a como um padrão social de comportamento, aceito, tolerado, e incentivado, inconscientemente ou não, pela maioria das pessoas. A esse liberalismo, podemos colocar como acréscimos, toda uma problemática que envolve o uso da sexualidade sem responsabilidade, dando origem a situações, como iniciação sexual precoce (muitas vezes de forma imatura), gravidez indesejada, crescimento da prostituição, principalmente da infantil, e disseminação de doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS. Além, é claro, da desvalorização do ser humano, que envolvida em qualquer dos casos acima, acaba sendo execrado pela própria sociedade sexualizante e sexualizada, ficando sujeito à discriminações, estereótipos, marginalizações, etc.

A questão do sexo não se resume a definir regras e padrões de comportamento ou se deve haver uma maior flexibilização da prática sexual, como querem os liberais moderninhos, mas deve ser refletida tomando como critério às conseqüências, individuais e sociais, que decorrem do mau uso da sexualidade. Não adianta se reforçar o uso de preservativos (camisinhas) como um consenso capaz de solucionar todos os problemas da era pós-AIDS, assim como a pílula não resolveu a questão do afeto das gerações anteriores, pois a sexualidade não se restringe à genitalidade, ou seja, ao ato sexual em si, como um fim em si mesmo. O ser humano, embora, seja um animal, instintivamente dotado de impulsos, dentre os quais o da reprodução e conservação da espécie, possui uma capacidade de analisar suas próprias ações, e refletir sobre elas, usando a racionalidade. Portanto, o sexo, na espécie humana, é muito mais do que a prática de copular, possui um enquadramento social, visto que, nossas atitudes refletem na forma como nos relacionamos no grupo em que estamos inseridos.

Na nossa sociedade, o liberalismo sexual, tornou-se via de regra, um modelo imposto, principalmente pelos meios de comunicação, interessados em motivar o consumo de produtos ligados, direta ou indiretamente, à sexualidade, ou melhor, a uma banalização dela. Os discursos contrários, conservadores, ficaram enclausurados nas Igrejas e em algumas comunidades rurais, sem espaços para exporem seus princípios. Enquanto isso, movimentos e tendências liberalizantes da sexualidade tomaram conta do contexto social, dificultando ainda mais a escolha por outros caminhos possíveis para se vivenciar a sexualidade, tomando como requisitos o respeito, por si mesmo e pelo(a) companheiro(a), o bom senso, a disciplina dos desejos, e principalmente, a afetividade como alicerce do relacionamento, sobre a qual são construídas todas as atitudes dos enamorados.

É preciso, necessário, e urgente, construirmos uma ética sobre a sexualidade, para preencher a lacuna tomada pela ideologia erótica dominante. Somente assim, poderemos estabelecer princípios capazes de tornar as pessoas mais responsáveis quanto à sua sexualidade, conscientizando-as para fazerem dela, um meio de realização pessoal, sem traumas, culpas, ou frustrações. Não se trata de impor regras de conduta sexual, como imaginam alguns, mas de apresentar propostas, outras alternativas, sem que sejam as propagadas pela mídia. Seria um processo de aprendizado, onde pais, filhos, educadores, religiosos, psicólogos e outros segmentos poderiam contribuir para desenvolverem idéias sobre sexo e sexualidade, de forma madura e principalmente responsável, postas para serem assimiladas por aqueles que se sentem enganados pelos falsos conceitos que priorizam o erotismo em detrimento da afetividade, único meio capaz de elevar o sexo como um dom a serviço da felicidade humana.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

AMOR ALÉM DAS APARÊNCIAS - afetividade e sexualidade no universo dos deficientes


por José Ricardo de Souza*

"O essencial é invisível aos olhos"
Antoine de Saint-Exupéry

Existe sentimento afetivo-amoroso ou de desejo sexual que possa ser direcionado para uma pessoa portadora de deficiência ? Há quem acredite que não, que as pessoas deficientes não podem ou não devem manter relacionamentos que exprimam sua afetividade ou mesmo sua sexualidade. É como se a sociedade fizesse questão de castrar o deficiente de um direito seu, que é o de vivenciar de maneira sadia todo o potencial psíquico-afetivo que qualquer pessoa possui. Por isso, causa estranheza ver-se nas ruas casais de deficientes, expondo suas vidas afetivas de maneira normal, como qualquer mortal do planeta. Pessoas cegas, paralíticas, surdas ou mudas, e até mesmo deficientes mentais tem demonstrado que por trás de uma deficiência existe um ser humano, com todas as características que as permitem definir como pessoas capazes de gostar, de amar e porque não de seduzir outras pessoas. A problemática, surge, porém, quando o deficiente não é aceito pela sociedade, por ser uma pessoa diferentes dos padrões estéticos impostos pela mídia. Assim, por exemplo, discrimina-se quem não pode ver ou andar, como se estas pessoas fossem seres de terceira ou quarta categorias, portanto excluídas do mundo das pessoas que se julgam "normais". Esse tipo de preconceito cresce na mesma proporção da condição social do deficiente, portanto quanto mais empobrecido, mais excluído do meio social, ele o será.

O que vale num julgamento individual não é o que a pessoa parece ser, ou seja, suas aparências. Uma laranja madura, bonita na beira da estrada, pode estar bichada, assim cantava-se há alguns anos atrás. Uma pessoa fisicamente normal, com seus dotes bem elaborados, pode camuflar um mau caráter, ou alguém sem escrúpulos, mas que será amplamente disputado no meio social, por apresentar aquilo com o qual fomos condicionados a buscar, quando o assunto é amor e/ou sexo, que é um corpo belo e perfeito. Enquanto formos prisioneiros das aparências, jamais poderemos atingir à essência das pessoas, porque esta é um atributo que não se vê, mas que se sente. A essência é quem determina o que realmente somos, com nossas virtudes e imperfeições, a partir dela, é possível saber com quem estamos lidando, pois a partir da essência se revela o caráter e a personalidade das pessoas. Amar uma pessoa deficiente é descobrir a essência escondida num ser que a sociedade julga pelo que parece ser, e não por aquilo que é. Infelizmente, a nossa cultura ainda está atrelada aos valores do esteticismo perfeccionista, que induz um preconceito disfarçado na mentalidade coletiva como um recurso para separar as pessoas normais das não-normais, de forma a preservar a pureza, e por que não dizer também a beleza, da espécie. Não é a toa, que pessoas deficientes são vistas como intrusas nos ambientes sociais mais destacados, são algo de chacotas ou de estereótipos forjados por programas de baixo nível, e constantemente duvidados em sua capacidade, principalmente de amar e fazer alguém feliz e realizado na vida e na cama.

Quem não vê, não anda, não ouve ou não fala, nem consegue organizar o raciocínio pode ser muito mais carinhoso e atencioso do que se pensa. Por que não dar ao deficiente a oportunidade de demonstrar o quanto ele é capaz de exercer sua afetividade e sua sexualidade sem recorrer aos traumas da vida cotidiana ? Basta que as pessoas se conscientizem e soltem-se das amarras do preconceito imposto por padrões sociais ultrapassadíssimos, incondizentes com a nova realidade que se vem nos próximos anos, onde o importante não vai ser o mais bonito perante o grupo social, mas sim o mais inteligente, o mais apto, o mais capaz, e isso, as pessoas tidas como "deficientes" têm demonstrado uma competência fora do comum, sinal de que elas podem ser úteis para a sociedade, sem precisar recorrer à imagem do "coitadinho" que precisa de amparo para sobreviver. Quando se dão oportunidades às pessoas certas, sejam elas deficientes ou não, as potencialidades brotam como uma cachoeira de idéias, de ações, enfim de estímulos para viver com dignidade. E isso custa tão pouco, mas às vezes a sociedade nega esse direito às pessoas que não são iguais à maioria, e o peso da discriminação reforça ainda mais a miséria em que estão jogados os deficientes no Brasil.

Amar alguém que é deficiente pode ser uma experiência riquíssima em termos de amadurecimento psíquico-afetivo, é o primeiro sinal para superar a visão limitada das aparências, e enxergar, dessa vez com os olhos do coração, o quanto os deficientes podem ser bons amigos, companheiros e amantes. Ver a pessoa deficiente como um ser assexuado, sem o direito de amar e ser amado, é uma visão distorcida da realidade, e que vale apenas para aumentar o grau de distanciamento que se impõe às pessoas deficientes. Esperamos que, com o próximo milênio, surja também uma cultura de valorização do nosso irmão diferente, que ele seja inserido na sociedade como uma pessoa normal, igual a qualquer um, pois se externamente somos diferentes, o nosso interior é tão parecido, que se voltássemos o olhar para o íntimo de cada um de nós, veríamos o quanto somos tolos quando alimentamos idéias preconceituosas e ações discriminatórias. Talvez, um dia, a consciência universal descobrirá que tanto deficientes quanto pessoas normais são iguais no que concerne a capacidade de amar a seu semelhante, portanto, predestinado, a através do sentimento, tornar a vida mais bela, o mundo verdadeiramente mais bonito, à medida que aprendermos que a verdadeira beleza não é aquela que se vê, mas sim, aquela que se sente.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

PONTOS ESCUSOS DE UM AFETO TEIMOSO



por José Ricardo de Souza*

Numa sociedade que prima pelo sexo sem amor, onde respeito virou peça de museu, e a fidelidade característica exclusiva de aparelho de som (alta fidelidade) poucas pessoas conseguem viver um ideal afetivo sem recorrer aos apelos da carne, digo, do desejo possessivo de fazer das pessoas mercadorias, que podem ser usadas, e abusadas, para conseguir um prazer momentâneo. Sob a tônica do discurso sexualizado, ou melhor sexualizante, da mídia eletrônica, muitos jovens descuidam dos valores morais, substituindo-os por preceitos de pouco ou nenhum valor ético, uma vez que prioriza-se o prazer como um fim em si mesmo, endeusando-se a sexualidade em detrimento da afetividade. Ninguém consegue mais segurar a onda avassaladora do liberalismo sem limites, que esmaga todo e qualquer compromisso consigo ou com o próximo. Vivendo uma carência de referenciais que possam dar sentido às relações afetivas, elas acabam por cair num vazio vicioso, que gera sucessivas crises nos casais, deixando-os às margens da incompatibilidade e da intolerância, o que serve para anunciar o princípio do fim de uma relação. A paixão de cama não pode, por si só, sustentar um relacionamento a dois, porque priva o casal de um envolvimento mais subjetivo com o outro, privando-o de uma relação de maior dialogo e sensibilidade.

Desprovido de objetivos, a relação que visa apenas o envolvimento carnal é um engodo imposto pelos grupos do liberalismo sexual, não por coincidência, os mesmos que defendem a prática do aborto, as experiências sexuais antes do matrimônio (traduzindo, seria o fim da virgindade) e a banalização do sexo sem escrúpulos. A estes, interessam manter a juventude alheia aos princípios da moral e da ética para incutir neles o apego às distorções e desvios da sexualidade. Trata-se de um movimento que pretende instaurar a desagregação dos sentimentos humanos numa campanha infame contra a família e a sociedade, destruindo as bases de uma organização social calcada no equilíbrio e na seriedade. Dentro desse modelo deturpado, não existem espaços para o respeito, a compreensão, a tolerância, a fidelidade e o compromisso, peças indispensáveis para quem deseja edificar um relacionamento a dois. Quem não consegue resgatar esses princípios e estabelecê-los dentro do seu relacionamento estará fadado a investir numa relação totalmente vazia e entediante, forte candidata a engrossar as listas de divorciados e desquitados do país.

Seria melhor admitir que sem amor, qualquer relacionamento amoroso cairá num reducente fracasso. Daí a necessidade de reafirmarmos os valores autênticos do afeto sereno e sereno, capazes de dar ao homem um sentido para a sua ínfima existência. De nada adiantará insistirem em reduzir o sentimento amoroso a uma quimera romântica de adolescentes imaturos, pois o amor já tem a sua essência definida nos corações apaixonados de quem assume o compromisso de ser e fazer a felicidade do seu(sua) amado(a). A verdadeira ventura de um sentimento afetivo é buscar a cada instante a realização do amado (a), mesmo que tenhamos que renunciar a algumas posturas, esquecer os desafetos, e aplainar as incompreensões e diferenças. A fortaleza do amor serve, nesse sentido, para sedimentar as relações que souberam se apropriar do sentindo profundo do amor que ama e que se deixa amar, perde, mas não se deixa perder, sofre, mas não se deixa sofrer. Quem entende e vivencia essa beleza intrínseca do verbo amar pode transcender o aspecto meramente carnal para experimentar uma dimensão mais profunda da afetividade.

Esquecer a primazia do amor é condenar nossos relacionamentos à insensibilidade para com os sentimentos. Infelizmente, vemos que os costumes mudaram muito desde a invenção da pílula anticoncepcional e a revolução sexual dos anos 60. Defender como valores a virgindade, o sexo dentro do casamento, o amor como fundamento único e principal de uma relação parecem discursos ultrapassados diante do liberalismo estabelecido, coisa de religiosos ou de conservadores ortodoxos; mas quem disse que a liberação sexual trouxe apenas vantagens para a humanidade ? Lembrem-se do aumento da gravidez precoce, portanto indesejada, na maioria dos casos; dos sucessivos abortos praticados em "fábricas de anjos", do crescimento dos casos de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente da AIDS. Isso sem esquecer que o mercado e a indústria do sexo, que condenam milhares de seres humanos a condições indignas de subsistência, giram em torno do imperialismo da pornofilia cultuado pelos meios de comunicação com o apoio velado dos governantes, que nada fazem para zelar pela decência da moral e da ética. O amor, nesse contexto, torna-se assim, um modelo de teimosia, de quem insiste em acreditar no poder do sentimento, sem se deixar levar pelo sensacionalismo do erotismo vulgarizado das novelas e "tchans" da TV. A sociedade paga, e ainda, pagará um alto preço pelo altíssimo grau de depravação a que está exposta. As gerações futuras cobrarão uma postura de bom-senso para resolver o problema, quanto a nossa, esta está presa e omissa às imposições do desejo e da sedução carnais.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

DISCURSO SEXUAL VERSUS DISCURSO AMOROSO: QUAL DEVE SER A DO CRISTÃO ?



por José Ricardo de Souza*

O mundo moderno convencionou a normalidade do liberalismo sexual. Tudo pode ser considerado normal, válido e tolerantemente aceito quando o assunto é sexualidade. Não existem mais barreiras, nem tabus para a discussão sobre os temas a ela relacionados. Até parece que o excessivo bombardeio de informações sobre a arte de realizar um(a) homem(mulher) na cama têm deixado a humanidade verdadeiramente mais feliz. E o amor, onde entra nesta história ? Ah, isso é cafonice, dizem os mais moderninhos; A gente transa primeiro, e se pintar o amor, bem; senão, fica para a próxima!. A lógica do discurso corrente é mesmo o da liberalização total dos costumes, sem limites quando o instinto sexual se sobrepõe à razão humana. Não seria isso o que pregam as novelas e seriados de TV ? E as músicas, com seus gestos ousados de sensualidade ? Não parece à toa, que um dos mercados que mais crescem no Brasil seja o da indústria pornográfica, movimentando anualmente milhões de dólares por ano, num incentivo à prostituição, à violência, à discriminação contra a mulher e ao tráfico de drogas. Por paralelo, podemos dizer que vivemos num autêntica Sodoma e Gomorra modernas, com todos os seus requintes de licenciosidade e luxúria. Pais, educadores, religiosos estão cada vez mais perplexos; afinal, como educar nossa juventude para o exercício sadio da sexualidade em meio a tantas e quantas depravações e deturpações ? Como evitar que jovens emocionalmente imaturos iniciam sua atividade sexual sem correr os riscos de uma gravidez precoce, portanto indesejada, das doenças sexualmentes transmíssiveis (principalmente da AIDS) e de todos os traumas e seqüelas que uma iniciação sexual imatura podem trazer ?

É impossível, talvez improvável, que possamos construir famílias equilibradas com este modelo de sexualidade que, principalmente a mídia, vêm impondo aos nossos jovens, distorcendo valores e corroendo os preceitos da moral e da ética. Afinal, sexualidade rima com afetividade, que por sua vez não dispensa a palavra maturidade. Portanto, jovens apaixonados têm bem mais chances de serem felizes e realizados se deixarem se envolver pelo sentimento afetivo, e construírem uma relação baseada no compromisso responsável de lidar com a sexualidade no momento certo, e de forma certa, sem queimar etapas, que servem de sustentação para o equilíbrio emocional e psíquico do casal. Limitar um namoro, noivado, ou até mesmo um casamento ao sexo puro e banal é perder a essência do amor, deixar de lado o nosso aspecto humano e ficar prisioneiro do instinto. Sendo assim, pode-se deixar o corpo físico satisfeito, mas e o coração, como é que fica ? A linguagem do amor que o coração entende e interpreta é outra. Não se dá a partir de beijos, abraços e amassos. Ela transcende as barreiras do prazer sexual para chegar a uma realização maior, mais serena e terna, identificada com a sensação de poder ser feliz a medida que promove a felicidade do ser amado. É o amor que não se prende a um corpinho bonito, mas que se deixa transbordar a cada sorriso, a cada olhar, a cada gesto de quem amamos. Isso, sim, faz a diferença entre quem ficou resumido a linguagem do corpo, e entre quem conseguiu ir mais além, descobrindo o quanto podemos ser felizes, quando experimentamos o amor verdadeiro que preenche o vazio deixado pela sexualidade liberada.

É preciso resgatar esses valores do afeto sincero, e teimar em reafirmar que o amor é fundamental, necessário e indispensável para a formação e consolidação de nossas relações afetivas. Nada poderá substituí-lo, nem mesmo as formas mais ousadas de buscar o prazer na cama, poderão suplantar a candura de uma flor ou a singeleza de quem ainda insiste em recitar poemas apaixonados para seu(sua) amado(a). Por mais que a humanidade se solte das amarras morais que atrelavam o amor à sexualidade responsável, nada impedirá, por exemplo, que os nossos filhos, talvez os nossos netos, busquem um novo sentido para a sexualidade, quando descobrirem que aqueles valores que estamos deixando para as gerações futuras são vazios e sem sentidos. Muitos aprenderão que mais importante do que uma cama feliz é um lar feliz, com pais equilibrados e filhos educados a vivenciar a sexualidade naturalmente, sem atropelos. Infelizmente, enquanto isso não vêm, ainda teremos que amargar muitos conflitos familiares oriundos de famílias mal constituídas, de casais que sucumbiram diante do apelo irresponsável do sexo pelo sexo, quando poderiam ter acreditado na proposta do amor.

A juventude precisa aprender a repensar os modelos de sexualidade e os falsos valores que andam sendo veiculados irresponsavelmente por aí, sem o menor respeito ou escrúpulo. Nesse jogo torpe, que é o liberalismo sexual, ninguém têm a ganhar, a não ser os agenciadores de prostitutas, os motéis de beira de estrada e as clínicas clandestinas de aborto. A pessoa humana, no entanto, perde seu bom-senso, estraga sua vida, e perde a oportunidade de experimentar a felicidade que somente um amor sereno, sincero e verdadeiro é capaz de oferecer. Apostar no sodomismo dominante é negar que o maior bem que Deus deixou para nós, enquanto criaturas divinas, é capacidade de amar ao próximo, e fazer dele(a) um ser completamente realizado e feliz.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

DISCUTINDO SOBRE A VIRGINDADE



por José Ricardo de Souza*

Pesquisa recente realizada nos Estados Unidos revela: aumenta o número de jovens que optaram por chagarem ao casamento, celibatários, ou seja, sem terem tido qualquer tipo de relação sexual. Eles alegam motivos pessoais e principalmente religiosos para sustentarem tal decisão. Essa busca por um estado de pureza pré-nupcial têm levantado muitas discussões sobre o tema da virgindade, agora num leque muito maior, pois além da virgindade feminina, há uma cobrança também da virgindade masculina, até mesmo como uma forma de demonstrar o amor pela parceira ou companheira. Afinal de contas, fica a questão: qual a importância da virgindade ?

É difícil apontar as vantagens da virgindade. Nada comprova que pessoas virgens se dêem mais satisfeitas no exercício da sexualidade (isso quando iniciam-se sexualmente) do que aquelas que já praticam ou praticaram sexo. Biologicamente, não há nenhuma característica que justifique o zelo pela virgindade. Sendo assim, resta concluir que a virgindade é uma questão meramente cultural, imposta ao ser humano pela sociedade em que vive como forma de contenção social. É de destacar que as religiões exercem um papel muito importante na defesa da virgindade, utilizando argumentos bíblicos e filosóficos para justifica-la. É muito mais simples apontar as desvantagens da sexualidade mal vivida, aquela que escraviza o ser em vez de liberta-lo, aquela que é vazia, desprovida de sentidos, instintivamente mecânica, que funciona apenas para a satisfação momentânea do instinto, sem qualquer preocupação com as conseqüências ou com os sentimentos da pessoa envolvida.

Portanto, tão hipócrita quando exigir a virgindade, principalmente das mulheres, como prova de pureza (como se o valor moral da mulher estivesse numa ínfima película escondida nas entranhas da vagina) é defender o sexo fácil e sem escrúpulos, vazio e imprudente, que existe como um fim em si mesmo, e não como um meio para a realização pessoal do ser humano. Diante desses fatos, é preferível vivenciar a castidade de forma consciente e responsável (como uma escolha individual e não como uma imposição da religião ou da sociedade) do que fazer o jogo torpe de quem investe pesado na banalização do sexo, como forma de lucrar alto em cima de pessoas imaturas e precocemente inseridas no exercício da sexualidade.

Decidir quando deve-se começar a iniciação sexual é uma questão que compete somente a pessoa que está lidando com ela. Exige muita serenidade, para não deixar como resquícios, dúvidas, incertezas e frustrações. É, sem dúvida, um momento muito importante na vida das pessoas, uma vez que, como bem lembra a sabedoria popular "a primeira impressão é a que fica", ou seja, é a partir da "primeira vez" que o indivíduo vai trabalhar a sua sexualidade, como forma de aprimoramento e por que não de crescimento psíquico-social. Portanto, ninguém deve, nem pode, ser forçado a ter uma iniciação sexual apenas para agradar a amigos e parentes, para afirmar-se "como homem", ou por que na televisão todos transam sem o menor constrangimento na novela.

Além do mais, nem sempre a perda da virgindade se dá com o devido amor e carinho necessários. Lembremos das mulheres vítimas de violência sexuais, imaginem a dor de quem é obrigada a contar ao namorado de que um estranho arrebatou-lhe o hímem com violência e brutalidade. E mais ainda, contar com o apoio psíquico da família e dos amigos, até reorganizar novamente a cabeça e o coração. É uma experiência da qual só quem passou é capaz de avaliar o que estou escrevendo. E aquelas mulheres que acreditam num amor eterno e verdadeiro, mas foram enganadas e abandonadas por seus parceiros, será que perderam a dignidade, por isso ? Assim como virgindade não é sinônimo de pureza (sexo oral e/ou anal, por exemplo não rompem o hímem, e muita gente que pratica se diz virgem) a ausência dela também não pode ser considerada sinal de promiscuidade, ou seja, todas as pessoas, independentes de serem celibatárias ou não, merecem o mesmo grau de respeito e dignidade no aspecto da sexualidade. Isso é um direito natural, e portanto inalienável, de todas as pessoas, sem distinção.

Assim sendo, precisamos olhar para a questão da virgindade, com olhos menos preconceituosos, tanto para quem já a perdeu, como para quem ainda a conserva para um momento de entrega mais íntima e pessoal. Encarada como um tabu pelas sociedades mais conservadoras, a virgindade volta a ser posta em discussão pelos estudiosos da Psicologia Afetiva, como forma de melhor compreende-la e vivenciá-la. Da mesma forma que se abre espaço para a liberalização do sexo, por que não discutir a virgindade, não como uma imposição, mas como uma opção a mais para o exercício da sexualidade, um caminho diferente e pouco explorado daquele que é comumente explorado pela mídia e pela indústria do erotismo e da pornografia.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

REFLETINDO SOBRE A ARTE DE AMAR


por José Ricardo de Souza*

Um dos sentimentos mais singelos do ser humano pode estar desaparecendo. Numa época onde as razões do corpo são mais importantes do que as razões do coração, o amor vem perdendo cada vez mais espaço nos relacionamentos afetivos, que influenciados pela mídia, apostam num hedonismo desenfreado, onde a satisfação do prazer físico é a regra dominante, e a prática sexual é encarada como um fim em si mesmo, e não como um meio para a realização do casal, como deveria ser. O liberalismo do comportamento sexual, provocado após a descoberta da pílula representou um dos extremos da Revolução Sexual dos anos 60, refreada pela disseminação da AIDS, no início dos anos 80, que serviu de contraponto para uma nova moral da sexualidade, desta vez associada ao amor livre, sem grandes compromissos, mas atrelada ao uso de preservativos para prevenir a contaminação pelo HIV.

Apesar de todo o liberalismo sexual, nem todos os casais sentem-se plenamente realizados em seus relacionamentos, o que demonstra claramente que apesar de toda a informação a respeito da sexualidade e suas vertentes, ainda falta alguma coisa para atingir a compreensão de todo esse processo. A falha está justamente em privilegiar explicações meramente técnicas, muito mais ligadas ao mecanismo de funcionamento da sexualidade, sem atribuir-lhes a emotividade própria do ser humano. Apesar de biologicamente sermos animais, dotado de instintos, como o da reprodução e conservação da espécie, temos uma parte racional, que vem sendo negligenciada quando o assunto é sexualidade. E esse distanciamento, proposital, entre sexualidade e afetividade tem dado margem para alguns vazios nos relacionamentos, pois não adianta o corpo estar satisfeito, e o coração abandonado a mercê de suas próprias inquietações. Quem apostou que somente o sexo é capaz de sustentar uma relação, caiu num tremendo erro, que custou muitas separações, até mesmo entre casais bem intencionados. Isso porque o ser humano não é apenas corpo, mas também alma, coração e vida, vida esta que envolve sentimentos, que somente o amor pode despertar.

A Civilização do Sexo, livre, fácil, fortuito, sem grandes compromissos conseguiu, afinal, tirar do ser humano a sensibilidade, a capacidade inata de sentir a emoção, de perceber a riqueza do carinho, a beleza da sinceridade, e por que não a magia do respeito, não o respeito imposto, repressor, mas sim o respeito assimilado a partir da convivência com quem amamos e compreendemos. O relativismo que tomou conta dos relacionamentos materializa-se de forma explícita no Ficar, tão comum entre jovens e adolescentes, mas não menos rejeitado entre os adultos. O Ficar caracteriza-se pela total ausência de vínculos ou compromissos posteriores, onde o que vale é a satisfação momentânea do desejo, é quando o corpo fala mais do que a cabeça. Alguns pseudopsicológos admitem que é o Ficar é necessário e até mesmo útil para o amadurecimento pessoal dos jovens. Desde quando amadurecimento é sinônimo de irresponsabilidade ? De numa mesma noite, uma pessoa escolher diferentes parceiros apenas para uma sessão de sarros, carícias e amassos, e no dia seguinte, não ter coragem sequer, de encarar com quem ficou na noite anterior ? Esse tipo de "amadurecimento" pode acabar em apodrecimento. Apodrecimento de sentidos, objetivos, ideais, uma vez que o Ficar nada deixa em termos de aprendizagem afetiva, mas pode deixar como resultados uma gravidez precoce, portanto indesejada e imatura, doenças sexualmente transmissíveis, pois a questão das DSTs não se resolve com a propaganda indiscriminada do uso de preservativos, mas sim com a conscientização a cerca da sexualidade sadia, vivida de forma natural, sem prender-se a modismos impostos pelos meios de comunicação, nem render-se aos apelos da sociedade, que insistentemente cobra das pessoas ações muitos mais irracionais e imaturas, do que posturas sérias e pensadas. Quem procura fugir do esquema imposto, quase sempre é visto como afeminado, idiota, bobão e outros adjetivos similares, atribuídos por amigos e vizinhos.

Nada mais sólido para alicerçar um relacionamento afetivo do que o amor verdadeiro, pois somente um sentimento como o amor é capaz de derrotar nossa individualidade, a fim de que um "eu" possa juntar-se a um "tu" para constituir um "nós". Um amor que se constrói a cada momento que descobrimos como fazer alguém feliz, tomando como princípios o carinho, o respeito, a fidelidade, a sinceridade, a tolerância, e muito diálogo para sanar toda e qualquer divergência. Sem amor, de nada adianta buscar o outro, ainda que seja apenas para a cama, pois mesmo realizados sexualmente, nosso ser busca algo mais intrínseco e subjetivo que somente o amor possui, pois o amor é a síntese perfeita entre o ser e o prazer, a razão e a emoção, a sensibilidade e a sexualidade. O sentido do amor está justamente em buscar o equilíbrio, o ponto de encontro, onde possamos ser iluminadores e iluminados, inseparáveis e insuperáveis, donos de nossa vontade, sem deixar-se escravizar apenas pelo desejo, mas descobrindo a cada momento a felicidade compartilhada, aquela que se conquista a dois.

Deixem o romantismo desaparecer, esqueçam o que o amor é capaz de fazer pelas pessoas, neguem a importância dos sentimentos, e teremos um mundo perdido nas veredas do hedonismo desenfreado, onde o Império do Prazer poderá dar ao homem qualquer coisa, menos sua felicidade. Como animais racionais precisamos do sentir antes do agir, do gostar antes de amar, do refletir antes do querer, portanto de mais sentimentos e emoções do que de alguns gemidos que nada expressam além de um prazer momentâneo, que acaba-se após alguns segundos. Nada temos contra a prática sexual, pois o sexo é belo e singelo em essência, mas a sociedade maculou essa prática, banalizando-a como uma mercadoria ou objeto que após o uso se descarta e joga-se fora. Um exemplo disso são os milhões auferidos pela indústria do erotismo e da pornografia, que levantam cifras fabulosas ancoradas na falta de respeito pela dignidade do corpo humano, explorado como um objeto de desejo e de consumo imediato. A sociedade que mercantiliza o corpo e os valores é a mesma que prega com falso moralismo contra as prostitutas, as adolescentes grávidas, as famílias desestruturadas, os menores de rua, que são os rebentos de toda essa distorção de valores no que concerne à sexualidade humana.

Cada vez fica difícil levar adiante um projeto afetivo que inclua o amor como eixo principal, uma vez que é muito mais cômodo acreditar no corpo, que se vê e se pega, do que investir num sentimento que não se pode ver ou pegar, apenas senti-lo. Ainda assim, diria que mesmo estando em desvantagem, o amor ainda é o caminho mais sensato para quem realmente deseja alcançar a realização afetiva. É preciso também discernir entre o amor que parece ser, mas que não o é, estou me referindo a esse amor banalizado, que na verdade é muito mais desejo e paixão do que amor. Parafraseando Dostoievski, um dos maiores nomes da literatura russa, diríamos que "é a beleza do amor que salvará o mundo, desde que salvemos a beleza". Ainda há tempo para resgatar o sentimento amoroso do ostracismo, mas isso só se tornará possível quando cada um descobrir em si mesmo a essência do afeto, contida na parte mais terna o nosso ser, num coração verdadeiramente apaixonado. Portanto, amar é possível, sonhar com essa beleza do amor, é necessário.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

AMAR É A ARTE DE FAZER ALGUÉM FELIZ


por José Ricardo de Souza*

"Neste mundo nada nos torna necessários, a não ser o amor."
Goethe

Há alguns anos atrás, os jovens sonhavam em namorar, noivar, casar, enfim, constituir uma família, dando continuidade à espécie humana. Havia todo um ritual para isso, que passava por várias etapas e tinha regras muito bem definidas, como por exemplo o estado de castidade da mulher (popularmente chamado de virgindade) antes do enlace matrimonial. É bem verdade que muitos casamentos eram realizados por pressões dos pais dos nubentes, muitas vezes movidos por interesses materiais e não apenas afetivos. Passados algumas décadas muitas coisas mudaram quando o assunto é afetividade e sexualidade. Algumas para melhor, como por exemplo, a liberdade de escolha do companheiro(a), outras nem tanto, como a supervalorização do sexo, que tem confinado os casais a um hedonismo desenfreado, onde a busca da satisfação sexual passa a ser um fim em sim mesmo, e não um meio para a realização a dois, como deveria ser. A Revolução Sexual teve dois momentos bem distintos: por um lado, o liberalismo geral com a invenção da pílula anticoncepcional, nos anos 60, por outro o surgimento da AIDS, que serviu para refrear a onda entusiástica do amor livre, isto na década de 80. E hoje, como estamos, nesse aspecto ?

Infelizmente, o liberalismo no comportamento sexual não se traduziu em amadurecimento afetivo, muito pelo contrário, o que se vê é que quanto mais as pessoas entendem (ou fingem entender) de sexo, menos são capazes de assimilar a essência do amor, por um motivo muito simples: o sexo é fogo de momento, que apaga ao sabor das chuvas, enquanto o amor, este é bem maior e mais profundo, porque o sexo vai até o corpo, mas o amor toca fundo na alma. Por isso duvido daqueles que falam mais com o corpo do que com o coração. Fica difícil, ou melhor impossível, acreditar nesse suposto amor vulgarizado dos sarrinhos de esquina ou dos quartos de motel.

O que falta então nos namoros, noivados e até mesmo em alguns casamentos ? Falta o encanto que somente o amor verdadeiro pode oferecer. Um amor que não busca primeiro o "eu", mas sim o "tu", para juntos construírem um "nós". Um amor bonito, vivido serenamente, iluminado e iluminador, capaz de resistir a tudo e a todos pelo bem da pessoa amada. Amor que supõe renúncias e sacrifícios, que inclui sonhos e desencantos, que transforma ou deixa-se transformar para não magoar ou ferir o outro. É esse sentimento que não se perde em ocasos, nem desafia verdades, mas sabe transmitir a tranqüilidade dos campos e a pureza das crianças, que pode transformar sua vida, se você deixá-lo entrar em seu coração. Em nome desse amor, podemos ser inseparáveis e insuperáveis, iluminados e iluminadores; podemos ser o equilíbrio perfeito entre o amor sereno e a paixão avassaladora, onde carinho, respeito, dialogo, compreensão, tolerância, sinceridade e fidelidade formam a combinação ideal para alicerçar uma grande história de amor.

Assim sendo, podemos dizer que amar pode dar certo, afinal para que serve o amor ? O amor só serve para amar. E a arte de amar passa necessariamente pelo compromisso de ser e fazer alguém feliz, pois o amor é a base de toda e qualquer felicidade humana. Sem ele, nossa vida torna-se um vazio desanimador, com ele, tudo fica mais belo, cada momento enche-se de inspiração e de poesia para demonstrar o quanto estamos realizados quando compartilhamos momentos especiais com alguém que se tornou também muito especial. O amor desperta aquilo que a natureza nos deixou de mais profundo: a sensibilidade, o poder de perceber o quanto a vida pode ser bela, quando se têm um objetivo, um ideal, quando sabemos que não caminhamos mais sozinhos, que alguém aceitou dividir a mesma trilha, que se põe ao nosso lado, a cada passo, a cada queda, seja para sorrir ou chorar, seja para celebrar a vitória ou amparar a cada fracasso. Isso é amor, não aquele amor maculado (que na verdade, nem amor o é) que transformar as pessoas em mercadorias descartáveis ou em objetos de consumo sexual.

Se deixarem o amor morrer, se o culto ao corpo aliado à submissão aos instintos sexuais for mais forte, teremos uma sociedade conturbada, perplexa entre a satisfação do corpo e o esvaziamento do espírito. Somente o amor pode dar ao homem aquilo que ele tem de mais significativo, sua humanidade. Nos nossos mais nobres atos, sempre há uma pontinha, por mínima que seja, de amor, isso indiscutivelmente fará a diferença entre uma humanidade pacífica e uma humanidade envolta em ódio e rancor, porque o caminho da paz começa justamente naqueles que aprenderam a amar.

Sendo assim tão singelo, o amor só pode ser uma dádiva de Deus, o maior presente que o criador dotou a sua criatura. Pois, por amor Deus deixou que Seu Filho, Jesus Cristo, fosse crucificado para resgatar a humanidade do pecado e dá-la a salvação. Por amor, Jesus, levou até o fim sua missão terrena, e mesmo diante da maldade, por amor perdoou seus algozes. Perguntado sobre qual seria a síntese de sua doutrina, Jesus deixou para nós este importante testemunho: "Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei". Não é a toa que o povo, em sua infinita sabedoria, cantava num belíssimo hino que "prova de amor maior não há, do que doar a vida pelo irmão". As Sagradas Escrituras dizem que um dia tudo passará. A ciência, a filosofia, os dons, tudo isso será eliminado, restarão apenas a fé, a esperança e o amor, porém desses, o maior será o amor (I Coríntios 13, 13). Do ponto de vista teológico, podemos afirmar que gostar é humano, mas amar é um dom divino.

Definido pelo poeta Luís Vaz de Camões como sendo um fogo que arde sem se ver, um contentamento descontente, dor que desatina sem doer (Soneto 79 das Líricas de Camões, Lisboa, século XVI), o amor inspira e inspirou muitos poetas, músicos, compositores, pintores, escritores, enfim, um sem número de artistas que se serviram dessa fonte para inspirar suas obras, afinal, qual o tema é mais cantado, discutido ou declamado em verso e prosa do que o amor ? Parece difícil, separar o amor da vida, porque viver sem amar é como deixar passar o tempo sem sentir o momento, é como se tirássemos aquilo que a vida têm de mais belo, que é a capacidade de amar ao próximo, a natureza, a Deus, e por que não a si mesmo, também, pois nosso "eu" também deseja ter seu reconhecimento próprio, algo que os psicólogos chamam de auto-estima.

Como encerramento deste artigo, gostaria de citar o desabafo de uma criança de rua. Questionada sobre o que esperava daquela vida, disse apenas: "queria que alguém gostasse de mim". Quantos, independente de serem crianças de rua ou não, não pensam dessa mesma forma. É triste saber que nem todos conseguem beneficiar-se dos privilégios que o amor possui. Para eles, fica a esperança de quem sabe um dia, encontrar a pessoa certa, que possa corresponder-lhes em sentimentos e ações.

Do ponto de vista lingüístico, vale lembrar que amar é um verbo intransitivo, ou seja, pede um complemento (quem ama, ama a alguém ou a alguma coisa). E não é fácil acertar o sujeito para completar essa frase, requer paciência, boa vontade e um pouco de perseverança. Um dia, você acaba acertando.

Deus salve os apaixonados, deles é reino da esperança, a certeza da felicidade, e o rumo da paz.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

AMOR, VERDADEIRO AMOR


por José Ricardo de Souza*

Procura-se um amor sereno e verdadeiro. Quem poderá encontrá-lo numa sociedade erotizada, como a nossa, onde a busca do afeto foi substituída pela busca do prazer sexual, a ternura pela carícia, e o dialogo pelo sexo fácil e fortuito ? As roseiras estão repletas de flores, pois faltam apaixonados para colhê-las e oferecê-las, e ninguém mais apela para a singeleza romântica. Os banquinhos das praças estão vazios, e não se vêem mais casais de enamorados; que abraçados faziam as mais belas juras e declarações de amor; enquanto isso, nos motéis lotados, sobram luxúria e devassidão. Entre um coração apaixonado e um momento de prazer, as pessoas preferem satisfazer aos instintos do corpo, mesmo que depois, sintam a alma vazia e abandonada, pois sem amor, o sexo perde o seu sentido.

Infelizmente, acabamos transformando, e por que não sendo transformados, em objetos descartáveis e descartados, inseridos numa lógica insensível aos apelos do amor, que teima em virar poesia, e tirar da vida a melodia mais bela, a que fala do sentimento mais profundo. Se falta a inspiração para cantar o amor e demonstrar ao mundo sua plenitude, culpem as novelas, os filmes, as revistas, algumas danças e certas músicas, que apelam para a vulgaridade, investem na banalização do erotismo, transformando a pornografia numa atitude natural e tolerável. Após a liberação da sexualidade, quem acabou perdendo não foi a Igreja, sempre acusada de retrógrada nesses assuntos, nem a moral, pois ética e respeito são e sempre serão conceitos universais em qualquer sociedade; sobrou, então, para a família, para a sociedade, enfim para a nossa juventude, perdida entre atender ao encantamento arrebatador de uma paixão honesta ou ceder ao consumismo erótico imposto pela mídia e por alguns pseudo-psicológos e falsos educadores.

Uma vez livres para o ato sexual, o ser humano acabou prisioneiro dos seus próprios desejos, perdeu o discernimento para descobrir a grandeza de uma paixão, trocou a paz serena de um carinho pela malícia das carícias mais íntimas. Enfim, ousou demais, mas amou de menos. Confundiu os dois conceitos, afetividade e sexualidade, sem saber separá-los, e por isso perdeu uma oportunidade ímpar de crescer pessoal e espiritualmente. O resultado disso, está aí, às claras, quando sabemos que ninguém mais quer namorar, noivar ou mesmo casar, se é mais simples "ficar" com alguém numa noite, depois com outro, e mais outro, até que apareçam a gravidez precoce, as doenças sexualmente transmissíveis, a depressão, o vazio, e o pior de todos os males de quem brinca com o sentimento: a solidão.

A indústria da pornografia, a mesma que incentiva a prostituição (inclusive a infantil), e que movimenta milhões de dólares em todo o mundo, já desempenhou (bem) o seu papel de deturpar a natureza do amor puro e singelo. Cabe a nós, que ainda acreditamos no afeto, reafirmarmos a importância dos sentimentos amorosos, antes que seja tarde demais, e ninguém mais tenha a coragem de amar, o que seria o fim de um dos sonhos mais sublimes do ser humano, que é o de procurar alguém que o complete, que o realize como pessoa, que seja capaz de proporcionar-lhe momentos inesquecíveis, de pura magia e poesia. Nada poderá substituir a ternura mais cândida, nem mesmo a melhor das fantasias sexuais, porque o amor é maior, e é o único meio possível de construir a felicidade, de vencer toda e qualquer dificuldade, pois supera-se a cada gesto de aconchego, em cada palavra sincera, em cada sorriso de esperança, e faz de um rápido instante um século de paz.

Ainda que leve toda uma vida, fará sempre sentido, buscar o amor verdadeiro, mesmo que se erre um pouco nas nossas escolhas, e que as lágrimas escorram dos olhos de quem foi traído ou abandonado, e que surjam dificuldades como o ciúme, a incompreensão e a intolerância; tudo isso faz parte do jogo do amor. O importante é nunca desistir, jamais deixar de acreditar, manter sempre acesa a chama da esperança, e contar os dias e os minutos para o grande encontro de duas vidas, que se transformarão em apenas uma, enlaçadas pelo arrebatamento de um grande amor. Não fomos feitos para à solidão, todos nós temos o direito à companhia de quem amamos, mesmo que seja numa bonita lembrança, que com o passar dos tempos, virou saudade.

Amar é aceitar o desafio de abandonar a si mesmo, e buscar no outro, algo a mais do que uma sucessão de carinhos e carícias. Se alguém conseguir penetrar nesse mistério profundo, talvez entenda porque a sexualidade precisa do amor, embora o amor dispense o sexo, em algumas circunstâncias. Vai aprender que a emoção de um beijo apaixonado jamais substituíra as noites mais licenciosas. Descobrirá que enquanto houver amor sincero, sereno e verdadeiro, a humanidade terá sempre uma nova chance para repensar sua existência e recomeçar a cada dia de uma maneira diferente de compreender as coisas do corpo e as coisas do coração. Verá que andam juntas, mas são coisas distintas, cada qual tem o seu momento certo, e se manifestará espontaneamente, desde que o ser humano aprenda a respeitar o rumo natural do amadurecimento psíquico e social. Somente assim, seremos capazes de vivenciar cada momento de amor, como se fosse o primeiro, o único e o mais importante de toda a nossa existência. Ame e deixe-se amar, mas nunca duvide da força de uma grande paixão, que sempre teima em ser eterna e singela, para sempre.

* O autor é historiador, professor e escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.