terça-feira, 25 de maio de 2021

450.000

⚰️🦠🧫 😭 ⚰️🦠🧫

✝️ Quando começou disseram que era apenas uma gripezinha. E de lá pra cá, mais de 450.000 vidas foram ceifadas (claro que os índices são bem maiores, pois nem todos os mortos por covid foram notificados). Somos o segundo país do mundo nesse mórbido e nefasto ranking (apenas superado pelos 575.000 dos Estados Unidos). Ano passado, no dia 8 de agosto, choramos nossos primeiros 100.000 mortos. E os índices não param de crescer, colapsando o sistema de saúde e sufocando o sistema funerário. Enquanto isso, os governos se apressam em reabrir comércios, escolas, igrejas, parques, praias e tudo mais que aglomera gente, tudo o que o vírus precisa para se disseminar ainda mais. Mas tem gente que relativiza o alto grau de contágio do covid-19, e usa a lotação dos meios de transporte como o argumento mais lógico: "se ônibus lotado pode, porque escola não pode?", "se as pessoas lotam as praias, escola também pode". Quando a resposta correta seria: "nem ônibus lotados, nem aulas presenciais, nem festas, praias, barzinhos podem"! Novas cepas, variadas mutações, ampliando o risco de novas contaminações. Enquanto isso, os governantes politizam a crise sanitária cada um para seu lado, e nem mesmo a vacina e a vacinação, nossas únicas esperanças estão livres de fakes news e muita desorganização. Tudo para dar ao deus mercado a sensação de que o pior já passou e que aos poucos estamos voltando à normalidade. Nada está normal, nem no novo normal! A Europa e a Índia já estão sentindo os efeitos das reaberturas e afrouxamentos do isolamento e distanciamento sociais. Uma terceira onda se anuncia: mais voraz e perigosa do que a primeira. No Brasil, negacionistas e relativistas jogam contra o combate ao covid-19 resumindo seu combate ao uso de uma medicação de resultados duvidosos. Debocham do uso de máscaras e disseminam mentiras toscas nas redes sociais. O vírus da covid-19, porém, não escolhe opção ideológica, religiosa ou partidária; muito menos sexo, cor, idade ou nacionalidade. Todos estamos vulneráveis a ele. A nossa esperança está na vacina com vacinação ampla para todos. Enquanto não avançarmos na vacinação, teremos poucas chances de restaurar a normalidade perdida. Embora para quem chorou por um entequerido falecido, nunca mais a vida será normal! Não nos enganemos. A pandemia não acabou. Relaxar agora é apostar no caos amanhã. Cuidemo-nos, pois o vírus mortal ainda está à solta e fazendo mais vítimas do que se mostram nos frios números estatísticos.

📝 PS.: essa postagem foi publicada originalmente em 10/10/2020 quando atingimos a triste marca de 150.000 mortos, republicada nos dias 07/01/21 (200.000 mortos), 25/03/21 (300.000 mortos), 12/04/21 (350.000 mortos) e 29/04/21 (400.000). Ela foi atualizada e modificada para lembrar que o pesadelo ainda não acabou. 😞😓😥😢😭

#brasildeluto

#naoeumagripezinha

#todoscontraocovid19

🧭 Concepção e elaboração do post 📝 José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

⏳#muitahistoriapracontar


sexta-feira, 14 de maio de 2021

⛈️💦🌊 ENCHENTES - A TRAGÉDIA ANUNCIADA 🌊💦⛈️

📝 por José Ricardo de Souza

Historiador, professor da rede pública estadual de ensino, escritor, membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista-PE

As últimas chuvas ocorridas em Recife e parte da região metropolitana deixaram um saldo negativo de mortes, destruição e desabrigados, isso sem contar nos prejuízos do comércio e da indústria. Por toda parte, o que se viu foi um espetáculo grotesco de ruas alagadas, bairros isolados pela água, barreiras desabando sob o peso das chuvas. O que falta para configurar o caos, então? Nada. A mesma resposta para a seguinte pergunta, o que as autoridades (in)competentes fizeram para prevenir as conseqüências de chuvas torrenciais, um fenômeno pluviométrico cada vez mais comum no litoral nordestino, portanto, previsível e latente? Entretanto, mais uma vez os responsáveis pelo zelo da cidade e do Estado negligenciaram os avisos da tragédia que estava para acontecer. E quem acabou pagando caro foi a população, como sempre vítima da má administração que campeia em nossas cidades.

A cidade do Recife, por exemplo, seus problemas de mau escoamento das águas pluviais remontam ao período da colonização, pois como é de conhecimento geral, o plano urbanístico da cidade foi realizado pelos holandeses, um povo habituado a lidar com altitudes inferiores ao nível do mar (um terço do território holandês está situado abaixo do nível do mar). A cidade cresceu apoiada em áreas de aterro e soterramento dos manguezais que cobriam os cursos dos rios Capibaribe e Beberibe. Com a expulsão dos holandeses, os portugueses não conseguiram dar continuidade à obra holandesa, por falta de conhecimento técnico e de recursos, mas continuaram aterrando e conquistando terras do mar. Por conseqüência, o sítio urbano da cidade ficou alguns centímetros abaixo do nível do mar, o que requer um sistema eficiente de escoamento das águas das chuvas, quer seja pelos rios, canais ou esgotos, o que na prática, não existe.  Resultado: choveu, a cidade mergulha nas águas e no caos.

A população, por sua vez, não colabora com a conservação e manutenção da precária rede de escoamento existente. Por falta de consciência (ou de educação, mesmo), atira nos canais e rios toda sorte de dejetos, desde garrafas plásticas, uma das principais inimigas dos esgotos públicos, até materiais mais pesados, como móveis, restos de construções, etc. No período das chuvas, o resultado não podia ser diferente: sem ter para onde escorrer, a água transpassa os limites dos canais e rios, invadindo ruas e casas, ou interrompendo o trânsito de veículos e pedestres, nos casos mais graves. O mesmo raciocínio pode ser aplicado às barreiras, que são cortadas sem nenhum cuidado técnico para evitar futuros desabamentos. A derrubada da vegetação que cobre as encostas dos morros também contribui para a erosão do terreno, que fragilizado, termina por cair sob o peso das chuvas mais intensas. A poluição dos rios é outro fator a ser considerado como causador dos transtornos, uma vez que eles impedem um escoamento mais rápido das águas, devido a diferenças de densidade e à presença de substâncias pesadas em suspensão.  Além disso, as ocupações de áreas ribeirinhas, aliadas às áreas de aterro, têm contribuído para o assoreamento do leito dos rios, diminuindo ainda mais as opções de escoamento das águas pluviais.

E finalmente, a falta de uma política habitacional que priorize as camadas mais carentes, justamente aquelas que habitam em áreas de risco, como encostas de morros ou favelas próximas aos rios e ao mar, agravam ainda mais a questão. Os números de desabrigados, a cada chuva, crescem assustadoramente, como um sintoma do caos social no qual estamos inseridos. Com o aumento do desemprego, o êxodo rural, e o processo de favelização, mais e mais famílias põem-se a se fixar nessas áreas anecúmenas (inabitáveis) por mera falta de opção. É o que mais se escuta, "moro aqui, porque não tenho para onde ir", e no final das contas, muitos acabam indo morar é no cemitério, mesmo. E a quem cabe a responsabilidade ? ? ?

Obras de saneamento básico, e por conseqüente de escoamento das águas, não atraem votos, afinal, ficam embaixo da terra, não são como as outras que os políticos usam para se exibirem em períodos eleitorais, por isso são negligenciadas pelo poder público, interessado em garantir seus privilégios. A população, principalmente, a mais empobrecida, é que fica a mercê das cheias, alagamentos, desabamentos, e outras seqüelas deixadas após um período de chuvas, como o que acabamos de assistir.

Em pleno século XXI quando o Homem já provou inúmeras vezes sua superioridade diante das forças da natureza, é inconcebível como uma chuva intensa pode causar tantos estragos. Parece-me que não é simplesmente uma derrota da técnica humana diante da força imperiosa das águas, muito pelo contrário, o que se põe em cheque é a falta de um trabalho preventivo, que embora não pudesse evitar as chuvas, poderia minimizar seus efeitos. Isso só seria possível mediante um empenho dos órgãos públicos e da população devidamente esclarecida. Como nada foi feito, e nem sequer pensado numa estrutura de emergência para atender aos desabrigados, o saldo da tragédia anunciada das chuvas torrenciais fica como um questionamento para as gerações futuras, as quais cabe, quem sabe, solucionar tais problemas.

sábado, 1 de maio de 2021

🙄👊 REFLEXÕES ATUAIS PARA O DIA DO TRABALHADOR 👊🤔

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⚙️ Hoje, em pleno dia dos trabalhadores, me pergunto, afinal o que temos a comemorar? Passados 78 anos da criação de C.L.T. (Consolidação das Leis do Trabalho) pelo então presidente Getúlio Vargas, 132 da criação do dia dos trabalhadores, e 135 dos protestos que resultaram na prisão, condenação e mortes de Albert Parsons, Michel Schwab, Oscar Need, George Engel, Louis Lingg, Adolf Fischer, August Spies e San Fielden, os mártires de Chicago que lutaram bravamente contra a exploração dos trabalhadores, fica uma importante e urgente reflexão: qual a atual situação em que se encontra o trabalhador brasileiro em plena pandemia no começo da década de 20 do século XXI?

A situação não poderia estar pior. A crise econômica provocada pelo avanço da pandemia foi a desculpa perfeita para estender a precarização das relações trabalhistas, pauta dos neoliberais conquistada na reforma trabalhista no governo de Michel Temer (Lei Nº 13.467, de 13 de julho de 2017) e aprofundada nas políticas econômicas de Guedes e Bolsonaro. A lógica perversa do capital que prega que quanto menos direitos, mais oportunidades surgirão, esbarra na realidade cruel de milhões de brasileiros endividados, falidos e rumo à pobreza. O subemprego grassa nas ruas e avenidas, enquanto os meios de comunicação romantizam isso como sendo "empreendedorismo". A prestação de serviços a grandes conglomerados sem nenhuma relação trabalhista (popularmente chamada de uberização) anula ainda mais os parcos direitos que ainda restaram aos trabalhadores.

O fim do imposto sindical, outro ponto perverso da Lei 13.467/2017, foi a pá de cal que faltava para enterrar de vez o movimento sindical brasileiro, que hoje sobrevive à duras penas às custas da contribuição voluntária de alguns associados. Com o atrelamento do sindicalismo à política partidária, algo inevitável e ao mesmo tempo perigoso pelos meandros que costuma levar, acabou por fragilizar ainda mais o movimento sindical. O peleguismo é gritante em alguns sindicatos. E o descrédito da classe trabalhadora em seus representantes é cada vez mais latente.

No cenário atual, pautado pelo avanço das políticas neoliberais e discursos de extrema-direita, urge a necessidade dos sindicatos, sindicalistas, formadores, etc. voltarem às bases e fomentarem um trabalho de conscientização com as massas. Nenhum detalhe pode ser ignorado. Nem mesmo os espaços virtuais. Tudo deve ser (re)conquistado, (re)construído e (re)formulado. Anos de lutas não podem ser jogadas fora apenas por um capricho das elites. Direitos nunca são dados, direitos foram conquistados! E à duras penas! Muitas vezes às custas da própria vida, como no caso dos mártires de Chicago. O recado deixado por Marx e Engels no Manifesto Comunista ainda é bem atual: "Trabalhadores do mundo inteiro, uni-vos; vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões" 👊👊🏽👊🏿

#reflexoes
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#diadostrabalhadores
#nossosdireitosnossasconquistas

🧭 Concepção e elaboração do post 📝José Ricardo 🖋️ professor e historiador.

⏳#muitahistoriapracontar⌛