sábado, 21 de maio de 2011

TRABALHOS DE HISTÓRIA - 7ª Série

* Objetivo: pesquisar a biografia de _________________.

* Material: papel ofício ou pautado (manuscrito).

* Individual ou dupla.

* Prazo: 8 dias (vence em 23 de maio, segunda-feira)

Observações:

a - Os trabalhos devem seguir as técnicas para a elaboração dos trabalhos:

1 - Capa
2 - Contra-capa
3 - Introdução (pessoal)
4 - Desenvolvimento
5 - Conclusão (pessoal)
6 - Índice
7 - Bibliografia
8 - Identificação

b - Os assuntos de números 14, 15 e 16 NÃO são biografia.

DISTRIBUIÇÃO DOS TRABALHOS (segundo o sorteio em sala)

01 - René Descartes - Emilly Oliveira

02 - Issac Newton - Vinicius

03 - John Locke - Ruan

04 - Barão de Montesquieu - Andressa e Karoline

05 - Voltaire - Daniel

06 - Jean Jacques Rousseau - José Paulo

07 - Frederico II - Prússia

08 - D. José II - Aústria - Jaciel

09 - Catarina II, a Grande - Rússia - Bruna e Giselle

10 - Marquês de Pombal - Portugal - Maria Gabriella

11 - Conde de Aranda - Espanha - Emilly e Maryane

12 - Diderot e D'Alambert - Douglas e Everton

13 - Adam Smith - Denise

14 - Os Fisiocratas - Ana Karla e Rúbia Thalia

15 - Os Enciclopedistas - Brendow e Djonny

16 - O Despotismo Esclarecido - Paulo

quinta-feira, 19 de maio de 2011

TRABALHO DE FILOSOFIA - 1°A

Objetivo: pesquisar a seguinte escola filosófica ___________________________.

Material: papel ofício ou pautado (manuscrito).

Individual ou dupla.

Prazo: 8 dias (vence em 30/05)

Observação: seguir a metodologia para a elaboração de trabalhos escolares:

1° Capa
2° Contra-capa
3° Introdução (pessoal)
4° Desenvolvimento
5° Conclusão (pessoal)
6° Índice
7° Bibliografia
8° Identificação

DISTRIBUIÇÃO DOS ASSUNTOS (de acordo com o sorteio em sala)

2. Atomismo - Nylton

3. Cartesianismo - Leonardo Ferreira e Rildson

4. Determinismo - Jorge Luís

5. Dogmatismo - Dominique e Juliana

6. Epicurismo - João Pedro e Larissa

7. Escola de Frankfurt - Erika e Ewelyn

8. Escolástica - Andrezza

9. Essencialismo - Débora

10. Existencialismo - Leonardo Dantas

11. Fenomenismo - Hérica e Italo Henrique

12. Gnosticismo - Michael

13. Hedonismo - Andre e Bárbara

14. Marxismo - Kassandra e Maria Helena

15. Materialismo - Fernando e Italo Rafael

16. Neoplatonismo - Cássio e Sérgio Dornelas

17. Patrística - Dafne e Taynara

18. Platonismo - Alef Almeida e Rebeca

19. Postivismo - Luciano e Sérgio Freire

20. Pragmatismo - Isabela e Natália

sábado, 14 de maio de 2011

ANIVERSÁRIOS DO MÊS - maio


02 - Luís Carlos (7ªA)

06 - Amanda Kelly (1°B)

16 - João Pedro (1°A)

16 - Léia Rayanne (2°A)

16 - Tulyo Alves (2°A)

22 - Ranna Soraya (1°B)

28 - Willaine Martins (8ªA)

30 - Robson Ferreira (8ªA)

31 - Daniel da Silva (7ªA)

31 - Eduardo Igor (2°A)

A todos(as) vocês meus sinceros parabéns e votos de muitos anos de vida em paz, harmonia e felicidade.

Prof° José Ricardo

sexta-feira, 13 de maio de 2011

TRABALHOS DE FILOSOFIA - 1°B


Objetivo: pesquisar a seguinte escola filosófica ___________________________.

Material: papel ofício ou pautado (manuscrito).

Individual ou dupla.

Prazo: 8 dias (vence em 20/05)

Observação: seguir a metodologia para a elaboração de trabalhos escolares:

1° Capa
2° Contra-capa
3° Introdução (pessoal)
4° Desenvolvimento
5° Conclusão (pessoal)
6° Índice
7° Bibliografia
8° Identificação

DISTRIBUIÇÃO DOS ASSUNTOS (de acordo com o sorteio em sala)

1. Agnosticismo - Arthur e Carlos

2. Atomismo - Amanda Alves e Yasmim Mikaelly

4. Determinismo - Evelyny e Sandra

5. Dogmatismo - Marcela e Renata

6. Epicurismo - Keylla e Yasmim Duarte

8. Escolástica - Jessé e Roniele

9. Essencialismo - Emerson e Márcio

10. Existencialismo - Amanda Kelly e Paula

11. Fenomenismo - Wellykênia

12. Gnosticismo - Mirella e Ranna

13. Hedonismo - Ítalo Diego

14. Marxismo - Nathália

15. Materialismo - Daryana e Jannaína

16. Neoplatonismo - Claudiany e Ronaldo

17. Patrística - Jéssica e Luana

18. Platonismo - Ewerton e Sayonara

19. Postivismo - Alana e Maria Eduarda

20. Pragmatismo - João Victor e Islan

A QUESTÃO ABOLICIONISTA NO BRASIL


por José Ricardo de Souza*

A principal mão-de-obra utilizada no Brasil durante o período colonial foram os escravos, trazidos da longínqua África em navios negreiros ou tumbeiros para executarem tarefas braçais, primeiramente nos engenhos de açúcar e posteriormente nas minas de ouro e pedras preciosas; e já no Segundo Império nas plantações de café no oeste paulista. A montagem do sistema colonial, ancorado no trinômio: latifúndio-monocultura-escravismo, exigia práticas econômicas que visassem lucros para a metrópole portuguesa, o que explica a opção pela mão-de-obra africana, o que representou uma fonte de lucros para Portugal, em detrimento da exploração da mão-de-obra indígena, que favoreceria apenas o mercado interno da colônia.

A importância da mão-de-obra escrava para a economia colonial brasileira é facilmente perceptível nas celebres observações do jesuíta português André João Antonil, que em seu livro "Cultura e Opulência no Brasil por suas Drogas e Minas", sintetizava "os negros são as mãos e os pés dos senhores de engenho". O trabalho escravo, quer fosse nas plantações de açúcar ou de café ou nas minas, era rígido e exaustivo, além de extremamente exploratório. A lógica do mercantilismo europeu, política econômica praticada pelos países europeus nos séculos XVI e XVII, exigia que as colônias produzissem cada vez mais para o enriquecimento das metrópoles, o que justifica a afirmação do escritor argentino Eduardo Galeano: "nossas riquezas produziram nossa pobreza, para o enriquecimento de poucos".

A passagem para uma nova fase do capitalismo, que antes era centralizado nas atividades comerciais, e que a partir de meados do século XVIII, volta-se para a industrialização, como principal fonte de geração de lucros, provoca mudanças na ordem econômica internacional, e dentro deste novo contexto, o escravismo colonial era uma instituição arcaica e ultrapassada, pois não atendia aos interesses econômicos dos capitalistas da época. O escravo, enquanto trabalhador, não recebia remuneração em dinheiro, portanto era excluído do mercado consumidor. Os países capitalistas industrializados, começaram então a aderir ao movimento abolicionista, não por razões humanitárias, mas para resguardar seus interesses financeiros. O objetivo era transformar os ex-escravos em trabalhadores livres que pudessem alugar sua força de trabalho em troca de um salário, tornando-se assim possíveis consumidores dos produtos manufaturados da época.

Os ingleses foram os pioneiros a propagar o abolicionismo, afinal a Inglaterra vivia um pleno processo de industrialização e precisava ampliar seus mercados em todo o mundo. O Parlamento inglês aprovou em 1845 o Bill Aberdeen, que proibia o tráfico de escravos e concedia à marinha inglesa plenos e totais poderes para caçar os traficantes aonde quer que eles estivessem, inclusive em águas brasileiras. O governo imperial, por sua vez, aprovou a lei Eusébio de Queirós, isto em 1850, que legalmente extinguia o tráfico de escravos para o Brasil, porém foi só "pra inglês ver", pois na prática este continuava existindo. Os senhores de engenho nordestinos, que na época estavam em franca decadência, vendiam seus escravos para os cafeicultores paulistas, o que caracterizava o chamado tráfico interprovincial.

A participação brasileira na Guerra do Paraguai (1865-1870) é um divisor de águas na história do movimento abolicionista, porque o Brasil foi para o conflito monarquista e escravocrata, mas voltou republicano e abolicionista. A campanha abolicionista ganhou às ruas e importantes políticos e intelectuais da época passaram a defendê-la, como por exemplo, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, Castro Alves (chamado o poeta dos escravos), Luís Gama, etc. Surgiam então duas propostas distintas de abolição. A primeira, defendida pelos próprios negros exigia uma abolição imediata e tinha como formas de luta a fuga de escravos para os quilombos, os quais podemos citar o Quilombo de Jabaquara (o famoso quilombo dos Palmares já havia sido destruído). A segunda, proposta pelos brancos, defendia uma abolição "lenta e gradual" para não prejudicar os interesses dos senhores de escravos, e tinha como forma de luta o estabelecimento de leis abolicionistas, como por exemplos, a Lei do Ventre Livre, aprovada em 1871, que libertava os filhos nascidos de escravas, mas os mantém sob tutela dos seus senhores até a idade dos 21 anos; e a Lei Saraiva-Cotegipe, mais conhecida como Lei dos Sexagenários, esta de 1885, e que foi uma das maiores piadas (de mau gosto) da campanha abolicionista, uma vez que libertava os escravos maiores de sessenta anos! Pouquíssimos chegavam a esta idade, e os que chegavam estavam cegos, mutilados, debilitados fisicamente e foram abandonados, jogados na rua.

As pressões inglesas aumentavam e Dom Pedro II esforçava-se ao máximo para adiar o fim da escravidão, pois ele temia as reações dos cafeicultores, partidários da monarquia e que ainda insistiam em utilizar a mão-de-obra escrava nas plantações. Ao viajar para a Europa, Dom Pedro II deixou sua filha, a princesa Isabel, como regente. Coube a ela a assinatura da Lei Áurea, cujo dois únicos artigos declaram extintos definitivamente a escravidão no Brasil, isto em 13 de maio de 1888. A princesa, que recebeu o título de "A Redentora", acabou por dar um golpe de misericórdia no falido império brasileiro, pois os fazendeiros não foram indenizados e não demoraram a apoiar a causa republicana encabeçada pelos militares positivistas, que derrubaram Dom Pedro II em 15 de novembro de 1889, portanto um ano e seis meses depois do fim da escravidão.

A abolição não significou a liberdade total para os negros; muito pelo contrário, expulsos do trabalho não-qualificado das fazendas, sem instrução, nem recursos para recomeçar uma nova vida, os negros foram abandonados à própria sorte, engrossando ainda mais o contingente de miseráveis e excluídos. Na prática, trocaram o frio e a sujeira das senzalas pela dura realidade das favelas, expostos à fome, ao desemprego e à violência.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes do Paulista.

domingo, 8 de maio de 2011

REFLETINDO SOBRE O DOM DE SER MÃE


por José Ricardo de Souza*

O povo, em sua infinita sabedoria, costuma dizer que se Deus não pode estar em toda parte, por isso Ele criou as mães, que são, sem duvida, uma dádiva dos céus. É impossível descrever o quanto somos agradecidos àquelas que foram nossas primeiras amigas, professoras, médicas, advogadas, pois qual é a mãe que não compreende, ensina, cuida, defende, enfim dá o máximo, sem exigir o mínimo, põe muitas vezes sua própria vida a serviço de seus filhos (as) e às vezes até dos netos (as) ? É admirável o quanto essas mulheres são importantes para a família e a sociedade, a ponto da Sociologia, denominar a família de célula-mater, ou seja, célula-mãe, o princípio da convivência social humana, o núcleo sobre o qual está assentada nossa sociedade.

Existe um mistério muito profundo na maternidade, sobre o qual nós, homens, talvez sejamos incapazes de compreender. O que se passa na cabeça de alguém que carrega durante nove longos meses um filho no ventre ? Muitos sentimentos podem misturar-se nesse momento de encanto e magia. A alegria e o contentamento vêm muitas vezes associado com a ansiedade e a incerteza. Não é apenas o corpo, ou melhor, a barriga que cresce, muitas vezes a cabeça da mulher também acompanha esse processo, o que resulta em um amadurecimento necessário para vivenciar bem essa fase da vida humana, que é a procriação, o poder gerar uma nova vida, perpetuar a espécie humana, provar que no duelo entre a vida e a morte, a vida sempre teima em vencer. E só a mulher é capaz de fazer germinar a semente humana. Claro que ela não faz tudo sozinha, pois somos seres sexuados, mas mesmo assim cabe a ela a parte mais difícil, a mais dolorosa, que é acolher a semente no ventre, fazê-la crescer, e finalmente doá-la ao mundo, sob a forma de parto, que segundo algumas mães, é uma das dores mais felizes do mundo!

Entretanto, nem tudo são flores quando o assunto é maternidade. Nem sempre, as pessoas se preparam bem para vivenciar essa fase, principalmente quando a gravidez ocorre precocemente, na adolescência, por exemplo, quando muitas meninas incentivadas pelos meios de comunicação de massa e pela falta de uma educação sexual séria (o que se vê por aí é um convite à promiscuidade, incentivando o uso indiscriminado da camisinha) acabam enveredando nos caminhos da sexualidade de forma inadequada e acabam tornando-se mães cedo demais. Sem preparo ou formação, o que se pode esperar dessas meninas-mães que vão ganhar como "brinquedinho" um bebê de carne e osso, que chora, precisa comer, vestir, dormir, etc. Não é a toa que muitas acabam fugindo desse compromisso e acabam optando pelo caminho mais curto: o aborto, mas estas merecem uma reflexão à parte, pois não cabe a nós julgar quem pratica tais coisas, podemos apenas dizer que o ato em si é uma monstruosidade, pois animal nenhum é capaz de matar sua própria cria ainda no ventre, apenas o homem é capaz de tamanha aberração.

Assim, podemos dizer que maternidade rima com maturidade, ou seja, antes de fazer um filho é preciso refletir se é o momento certo, com a pessoa certa, e da forma certa, fora disso a maternidade pode trazer muitas alegrias acompanhadas de tantas dores e frustrações. É preciso opor-se a esse modelo imposto pela mídia que transforma nossas meninas em mães precoces e despreparadas.

Não é exagero lembrar também que muitos filhos (as) não têm tratado as mães com o devido respeito que elas merecem. A pseudopsicologia rotula isso como crise da idade, rebeldia de adolescente, “grilos da turma jovem”, mas eu penso que ingratidão, falta de respeito, mal-criação mudaram de nome na nossa sociedade. Vou deixar apenas dois exemplos: o número de idosos abandonados nos asilos (pais e mães descartados pelos próprios filhos), e como pedir a benção aos pais deixou de ser um hábito e caiu no esquecimento. Dificilmente, alguém escuta um “bença mãe, bença pai” hoje em dia, isso sem falar nas desobediências, nas teimosias, nas discussões, enfim em tanta incompreensão que reina nos lares quando muitas vezes, só uma palavra de carinho seria o suficiente para por fim a tantos e quantos conflitos familiares.

Como é difícil ser mãe, mas ainda assim é profundamente bonito saber que contribuiu para formar alguém, dar a sociedade mais um ser humano, e que tudo começou no seu ventre. Lembro-me do maior exemplo de mãe que a humanidade conheceu, que foi Maria, esta sim um modelo para todas as mães. Seu compromisso com o Cristo, mesmo antes do seu nascimento, é uma clara noção do que deve ser a maternidade responsável. Maria foi muito mais além, pois se tornou não apenas Mãe do Salvador, mas acolhida como Mãe de toda a humanidade, por seus atos e gestos de acolhimento, renúncia e justiça. Ah, se todas as mães seguissem o exemplo de Maria, os pais, de José, e se cada filho (a) tivesse um pouco de Cristo, como teríamos famílias felizes e um mundo mais irmão.

Portanto, lembremos das mães com o amor, carinho, respeito e admiração que ela merecem, pois acredite, se existe alguém capaz de dar o seu coração para você viver, esse alguém é sua mãe. E o valor de uma mãe é uma coisa que não se descreve com palavras, porque elas não são capazes de traduzir o quanto as mães são importantes para todos nós. Esqueça o lado meramente comercial do Dia das Mães, aposte no emocional, no abraço amigo de filho, este sim, é o melhor presente que se pode dar a uma mãe, por toda a dedicação que nos foi dada. Abrace, beije, enfim festeje com sua mãe terrena, mas não esquece de sua mãe do céu, Maria, que cuida e abençoa a todos nós, seus filhos queridos. Deus salve todas as mães, assim seja.

PS: deixo aqui uma homenagem especial a minha mãe, Vilma Maria de Souza, a quem devo tudo o que hoje sou, obrigado mãezinha, que Deus a abençoe, sempre.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia Brasileira de Letras e Artes do Paulista.

domingo, 1 de maio de 2011

O PENSAMENTO DOS MÁRTIRES DE CHICAGO

a voz dos líderes trabalhistas assassinados em 1886

"Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo; o pão é a liberdade; a liberdade é o pão".
Albert Parsons

"Cremos que se acercam os tempos em que os explorados reclamarão os seus direitos aos exploradores (...). A luta em nossa opinião é inevitável".
Michel Schwab

"Sempre supus que tinha o direito de expressar as minhas idéias, como cidadão e como homem. Se isso é delito, sou então um delinqüente".
Oscar Neeb

"Por que razão se me acusa de assassino ? Pela mesma razão que me obrigou a abandonar a Alemanha: pela pobreza e pela miséria da classe trabalhadora".
George Engel

"Desprezo-vos; desprezo vossas ordem, vossas leis, vossa força, vossa autoridade. Enforcai-me!"
Louis Lingg

"Se a morte é a pena correlativa à nossa ardente paixão pela liberdade à espécie humana, eu digo bem alto: disponde de minha vida".
Adolf Fischer

"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário (...), enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não podem apagá-lo".
August Spies

"Eu creio que chegará um tempo em que sobre as ruínas da corrupção se levantará a esplêndida manhã do mundo emancipado, livre de todas as maldades, de todos os monstruosos anacronismos de nossas épocas e de vossas caducas instituições".
San Fielden

Fonte: BOULOS JR, Alfredo 1º de maio O Trabalhador vai à Luta Coleção Construindo Nossa Memória Editora FTD

TRIBUTO AOS MÁRTIRES DE CHICAGO - A verdadeira história do primeiro de maio


por José Ricardo de Souza*

No dia 1º de maio de 1886 a cidade norte-americana de Chicago amanheceu praticamente vazia. Nada de pessoas transitando, nem de bondes circulando, tudo estava no mais absoluto marasmo. Aos poucos, pequenos grupos de operários começaram a se dirigir para o centro, juntando-se a outros que também chegavam, começaram a formar uma grande multidão. Ao lado dos operários, vinham também suas esposas e seus filhos, e todos numa única voz clamavam: 8 horas de trabalho, 8 horas de repouso, 8 horas de educação. A massa operária era bastante heterogênea, em seu meio, havia vários imigrantes, de diversos países, gente empobrecida que veio tentar a sorte nos Estados Unidos.

As condições de trabalho naquela época eram as piores possíveis. As longas e exaustivas jornadas de trabalho ultrapassavam as oito horas diárias, chegando até a dez e em casos extremos doze horas por dia. As condições de trabalho também não eram das mais adequadas. Os locais de trabalho eram sujos, sem ventilação, nem banheiros. ara pagar menos, e lucrar mais, os donos das fábricas preferiam a mão-de-obra feminina e a mão-de-obra infantil, com crianças de 7 até 15 anos sendo duramente exploradas. Diante de tudo isto, não havia outra saída senão a greve.

Na verdade, não foi a primeira vez que os trabalhadores norte-americanos haviam se manifestado contra a exploração dos patrões. Em 1827, os pedreiros, vidraceiros e carpinteiros da cidade de Filadélfia fizeram a primeira greve dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, outras greves surgiram, a maioria reivindicando a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias. A Federação Americana de Trabalho (AFL) foi fundada em 1881, e em seu programa constava que "a jornada de oito horas aumentará o número de empregos e os salários, e criará condições para dar educação aos trabalhadores". No Congresso da AFL de 1884 ficou decidido a paralisação no 1º de maio de 1886.

Os acontecimentos do primeiro de maio se sucederam desta forma. No sábado, dia 1º, os trabalhadores realizaram uma passeata pela avenida Michigan, terminando com um comício na praça Haymarket. Apesar da presença da Guarda Nacional, a passeata termina de forma ordeira e pacífica. Na segunda, dia 3, policiais atiram contra operários concentrados à frente de uma fábrica, deixando um saldo de seis mortos, cinqüenta feridos e muitos presos. Na terça, dia 4, uma grande multidão se concentra na praça Haymarket para protestar contra a morte dos seus companheiros. Alguém desconhecido lança uma bomba contra os policiais. Foi o pretexto para a polícia revidar contra a multidão. Centenas de pessoas são assassinadas, entre elas, mulheres e crianças. O fato entrou para a história como "o Massacre de Haymarket".

As sedes dos jornais operários e dos sindicatos foram incendiadas. As prisões e espancamentos passaram a ser armas da repressão policial contra os grevistas. As manifestações de rua acabaram sendo terminantemente proibidas. Os líderes operários do movimento foram presos e responsabilizados pelas mortes dos trabalhadores ocorridas durante os protestos. Seus nomes merecem ser citados: August Spies, San Fielden, Oscar Neeb, Adolf Fischer, Michel Schwab, Louis Ling e George Engel. Em junho, começam os julgamentos, e então Albert Parsons, outro líder dos trabalhadores, se apresenta espontaneamente ao juiz para ser julgado com os outros companheiros. As testemunhas, obviamente ligadas aos patrões, usando da mentira, forjaram provas contra os acusados. O resultado não poderia ter sido outro senão a condenação dos principais líderes do movimento grevista. No dia 9 de outubro, o juiz pronuncia a sentença que condenava à morte, por enforcamento, Parsons, Spies, Lingg, Engel e Fischer; Fielden e Schwab foram condenados á prisão perpétua, e Neeb, a quinze anos de cadeia, o qual protestou, pedindo para ser também enforcado com os demais.

No dia 11 de novembro de 1886, por volta do meio-dia, Parsons, Spies, Engel e Fischer são executados na forca construída dentro da própria prisão para eles. Lingg, já não estava entre eles, havia se suicidado antes. A morte, ou melhor, assassinato dos líderes do primeiro de maio, provocou manifestações de trabalhadores em todo o país, inclusive em Chicago, quando aproximadamente 6000 pessoas carregaram os corpos de seus mártires pelas ruas. Após vários protestos e manifestações de repúdio, o governador de Illiois, Estado no qual se situa Chicago, resolveu anular a sentença que condenava os líderes operários. O feitiço virou contra o feiticeiro. Os juízes, os jurados e as testemunhas falsas foram acusados de infâmia pelo governador. Infelizmente, a vida dos nossos heróis, estes sim, heróis de verdade, do primeiro de maio, já havia sido tirada pelo poder opressor.

Assim nascia o primeiro de maio, dia internacional do trabalho, dia de luta. Não um dia para se comemorar, mas para manter viva a memória dos mártires de Chicago, pois graças a eles hoje podemos gozar de direitos nunca antes previstos.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.