domingo, 8 de maio de 2011

REFLETINDO SOBRE O DOM DE SER MÃE


por José Ricardo de Souza*

O povo, em sua infinita sabedoria, costuma dizer que se Deus não pode estar em toda parte, por isso Ele criou as mães, que são, sem duvida, uma dádiva dos céus. É impossível descrever o quanto somos agradecidos àquelas que foram nossas primeiras amigas, professoras, médicas, advogadas, pois qual é a mãe que não compreende, ensina, cuida, defende, enfim dá o máximo, sem exigir o mínimo, põe muitas vezes sua própria vida a serviço de seus filhos (as) e às vezes até dos netos (as) ? É admirável o quanto essas mulheres são importantes para a família e a sociedade, a ponto da Sociologia, denominar a família de célula-mater, ou seja, célula-mãe, o princípio da convivência social humana, o núcleo sobre o qual está assentada nossa sociedade.

Existe um mistério muito profundo na maternidade, sobre o qual nós, homens, talvez sejamos incapazes de compreender. O que se passa na cabeça de alguém que carrega durante nove longos meses um filho no ventre ? Muitos sentimentos podem misturar-se nesse momento de encanto e magia. A alegria e o contentamento vêm muitas vezes associado com a ansiedade e a incerteza. Não é apenas o corpo, ou melhor, a barriga que cresce, muitas vezes a cabeça da mulher também acompanha esse processo, o que resulta em um amadurecimento necessário para vivenciar bem essa fase da vida humana, que é a procriação, o poder gerar uma nova vida, perpetuar a espécie humana, provar que no duelo entre a vida e a morte, a vida sempre teima em vencer. E só a mulher é capaz de fazer germinar a semente humana. Claro que ela não faz tudo sozinha, pois somos seres sexuados, mas mesmo assim cabe a ela a parte mais difícil, a mais dolorosa, que é acolher a semente no ventre, fazê-la crescer, e finalmente doá-la ao mundo, sob a forma de parto, que segundo algumas mães, é uma das dores mais felizes do mundo!

Entretanto, nem tudo são flores quando o assunto é maternidade. Nem sempre, as pessoas se preparam bem para vivenciar essa fase, principalmente quando a gravidez ocorre precocemente, na adolescência, por exemplo, quando muitas meninas incentivadas pelos meios de comunicação de massa e pela falta de uma educação sexual séria (o que se vê por aí é um convite à promiscuidade, incentivando o uso indiscriminado da camisinha) acabam enveredando nos caminhos da sexualidade de forma inadequada e acabam tornando-se mães cedo demais. Sem preparo ou formação, o que se pode esperar dessas meninas-mães que vão ganhar como "brinquedinho" um bebê de carne e osso, que chora, precisa comer, vestir, dormir, etc. Não é a toa que muitas acabam fugindo desse compromisso e acabam optando pelo caminho mais curto: o aborto, mas estas merecem uma reflexão à parte, pois não cabe a nós julgar quem pratica tais coisas, podemos apenas dizer que o ato em si é uma monstruosidade, pois animal nenhum é capaz de matar sua própria cria ainda no ventre, apenas o homem é capaz de tamanha aberração.

Assim, podemos dizer que maternidade rima com maturidade, ou seja, antes de fazer um filho é preciso refletir se é o momento certo, com a pessoa certa, e da forma certa, fora disso a maternidade pode trazer muitas alegrias acompanhadas de tantas dores e frustrações. É preciso opor-se a esse modelo imposto pela mídia que transforma nossas meninas em mães precoces e despreparadas.

Não é exagero lembrar também que muitos filhos (as) não têm tratado as mães com o devido respeito que elas merecem. A pseudopsicologia rotula isso como crise da idade, rebeldia de adolescente, “grilos da turma jovem”, mas eu penso que ingratidão, falta de respeito, mal-criação mudaram de nome na nossa sociedade. Vou deixar apenas dois exemplos: o número de idosos abandonados nos asilos (pais e mães descartados pelos próprios filhos), e como pedir a benção aos pais deixou de ser um hábito e caiu no esquecimento. Dificilmente, alguém escuta um “bença mãe, bença pai” hoje em dia, isso sem falar nas desobediências, nas teimosias, nas discussões, enfim em tanta incompreensão que reina nos lares quando muitas vezes, só uma palavra de carinho seria o suficiente para por fim a tantos e quantos conflitos familiares.

Como é difícil ser mãe, mas ainda assim é profundamente bonito saber que contribuiu para formar alguém, dar a sociedade mais um ser humano, e que tudo começou no seu ventre. Lembro-me do maior exemplo de mãe que a humanidade conheceu, que foi Maria, esta sim um modelo para todas as mães. Seu compromisso com o Cristo, mesmo antes do seu nascimento, é uma clara noção do que deve ser a maternidade responsável. Maria foi muito mais além, pois se tornou não apenas Mãe do Salvador, mas acolhida como Mãe de toda a humanidade, por seus atos e gestos de acolhimento, renúncia e justiça. Ah, se todas as mães seguissem o exemplo de Maria, os pais, de José, e se cada filho (a) tivesse um pouco de Cristo, como teríamos famílias felizes e um mundo mais irmão.

Portanto, lembremos das mães com o amor, carinho, respeito e admiração que ela merecem, pois acredite, se existe alguém capaz de dar o seu coração para você viver, esse alguém é sua mãe. E o valor de uma mãe é uma coisa que não se descreve com palavras, porque elas não são capazes de traduzir o quanto as mães são importantes para todos nós. Esqueça o lado meramente comercial do Dia das Mães, aposte no emocional, no abraço amigo de filho, este sim, é o melhor presente que se pode dar a uma mãe, por toda a dedicação que nos foi dada. Abrace, beije, enfim festeje com sua mãe terrena, mas não esquece de sua mãe do céu, Maria, que cuida e abençoa a todos nós, seus filhos queridos. Deus salve todas as mães, assim seja.

PS: deixo aqui uma homenagem especial a minha mãe, Vilma Maria de Souza, a quem devo tudo o que hoje sou, obrigado mãezinha, que Deus a abençoe, sempre.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia Brasileira de Letras e Artes do Paulista.

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