quinta-feira, 2 de junho de 2011

DISCURSO SEXUAL VERSUS DISCURSO AMOROSO: QUAL DEVE SER A DO CRISTÃO ?



por José Ricardo de Souza*

O mundo moderno convencionou a normalidade do liberalismo sexual. Tudo pode ser considerado normal, válido e tolerantemente aceito quando o assunto é sexualidade. Não existem mais barreiras, nem tabus para a discussão sobre os temas a ela relacionados. Até parece que o excessivo bombardeio de informações sobre a arte de realizar um(a) homem(mulher) na cama têm deixado a humanidade verdadeiramente mais feliz. E o amor, onde entra nesta história ? Ah, isso é cafonice, dizem os mais moderninhos; A gente transa primeiro, e se pintar o amor, bem; senão, fica para a próxima!. A lógica do discurso corrente é mesmo o da liberalização total dos costumes, sem limites quando o instinto sexual se sobrepõe à razão humana. Não seria isso o que pregam as novelas e seriados de TV ? E as músicas, com seus gestos ousados de sensualidade ? Não parece à toa, que um dos mercados que mais crescem no Brasil seja o da indústria pornográfica, movimentando anualmente milhões de dólares por ano, num incentivo à prostituição, à violência, à discriminação contra a mulher e ao tráfico de drogas. Por paralelo, podemos dizer que vivemos num autêntica Sodoma e Gomorra modernas, com todos os seus requintes de licenciosidade e luxúria. Pais, educadores, religiosos estão cada vez mais perplexos; afinal, como educar nossa juventude para o exercício sadio da sexualidade em meio a tantas e quantas depravações e deturpações ? Como evitar que jovens emocionalmente imaturos iniciam sua atividade sexual sem correr os riscos de uma gravidez precoce, portanto indesejada, das doenças sexualmentes transmíssiveis (principalmente da AIDS) e de todos os traumas e seqüelas que uma iniciação sexual imatura podem trazer ?

É impossível, talvez improvável, que possamos construir famílias equilibradas com este modelo de sexualidade que, principalmente a mídia, vêm impondo aos nossos jovens, distorcendo valores e corroendo os preceitos da moral e da ética. Afinal, sexualidade rima com afetividade, que por sua vez não dispensa a palavra maturidade. Portanto, jovens apaixonados têm bem mais chances de serem felizes e realizados se deixarem se envolver pelo sentimento afetivo, e construírem uma relação baseada no compromisso responsável de lidar com a sexualidade no momento certo, e de forma certa, sem queimar etapas, que servem de sustentação para o equilíbrio emocional e psíquico do casal. Limitar um namoro, noivado, ou até mesmo um casamento ao sexo puro e banal é perder a essência do amor, deixar de lado o nosso aspecto humano e ficar prisioneiro do instinto. Sendo assim, pode-se deixar o corpo físico satisfeito, mas e o coração, como é que fica ? A linguagem do amor que o coração entende e interpreta é outra. Não se dá a partir de beijos, abraços e amassos. Ela transcende as barreiras do prazer sexual para chegar a uma realização maior, mais serena e terna, identificada com a sensação de poder ser feliz a medida que promove a felicidade do ser amado. É o amor que não se prende a um corpinho bonito, mas que se deixa transbordar a cada sorriso, a cada olhar, a cada gesto de quem amamos. Isso, sim, faz a diferença entre quem ficou resumido a linguagem do corpo, e entre quem conseguiu ir mais além, descobrindo o quanto podemos ser felizes, quando experimentamos o amor verdadeiro que preenche o vazio deixado pela sexualidade liberada.

É preciso resgatar esses valores do afeto sincero, e teimar em reafirmar que o amor é fundamental, necessário e indispensável para a formação e consolidação de nossas relações afetivas. Nada poderá substituí-lo, nem mesmo as formas mais ousadas de buscar o prazer na cama, poderão suplantar a candura de uma flor ou a singeleza de quem ainda insiste em recitar poemas apaixonados para seu(sua) amado(a). Por mais que a humanidade se solte das amarras morais que atrelavam o amor à sexualidade responsável, nada impedirá, por exemplo, que os nossos filhos, talvez os nossos netos, busquem um novo sentido para a sexualidade, quando descobrirem que aqueles valores que estamos deixando para as gerações futuras são vazios e sem sentidos. Muitos aprenderão que mais importante do que uma cama feliz é um lar feliz, com pais equilibrados e filhos educados a vivenciar a sexualidade naturalmente, sem atropelos. Infelizmente, enquanto isso não vêm, ainda teremos que amargar muitos conflitos familiares oriundos de famílias mal constituídas, de casais que sucumbiram diante do apelo irresponsável do sexo pelo sexo, quando poderiam ter acreditado na proposta do amor.

A juventude precisa aprender a repensar os modelos de sexualidade e os falsos valores que andam sendo veiculados irresponsavelmente por aí, sem o menor respeito ou escrúpulo. Nesse jogo torpe, que é o liberalismo sexual, ninguém têm a ganhar, a não ser os agenciadores de prostitutas, os motéis de beira de estrada e as clínicas clandestinas de aborto. A pessoa humana, no entanto, perde seu bom-senso, estraga sua vida, e perde a oportunidade de experimentar a felicidade que somente um amor sereno, sincero e verdadeiro é capaz de oferecer. Apostar no sodomismo dominante é negar que o maior bem que Deus deixou para nós, enquanto criaturas divinas, é capacidade de amar ao próximo, e fazer dele(a) um ser completamente realizado e feliz.

* O autor é historiador, professor, escritor; membro da Academia de Letras e Artes da Cidade do Paulista.

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